A responsabilidade da gestão é ainda maior na saúde

Neste último final de semana começou a mobilização nacional no combate ao Aedes aegypti, transmissor do zika vírus. A epidemia que atinge o Brasil e outros 23 países foi considerada, recentemente, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um caso de em...
Consulta Médica

Neste último final de semana começou a mobilização nacional no combate ao Aedes aegypti, transmissor do zika vírus. A epidemia que atinge o Brasil e outros 23 países foi considerada, recentemente, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um caso de emergência mundial. Em momentos como esse, é inevitável voltar o foco para os sistemas de saúde pública e de saneamento brasileiros e perguntar: por que, afinal, chegamos a este ponto?  Para Márcio Pizzato (foto), presidente do Conselho de Administração da Unimed Porto Alegre, a proliferação de doenças causadas pelo mosquito é um dos reflexos da falta de investimentos e da frágil gestão dos governantes no trabalho de prevenção. Ao receber o Portal AMANHÃ, o líder de umas das maiores cooperativas de médicos da região Sul também falou sobre a ação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na supervisão dos planos de saúde – algo que ajudou a profissionalizar o segmento, mas também onerou o sistema no país.

No sábado, uma força-tarefa envolvendo o Exército, ministros, governadores e outros agentes públicos entrou em ação no combate ao Aedes aegypti, que, além de transmitir os vírus que causam a dengue e chikungunya, é transmissor do Zika vírus, que tem se alastrado pelo país. Por qual razão, no seu entender, obstáculos como esse surgem e ganham tamanha dimensão no Brasil?

Problemas como esse são decorrentes da falta de sistematização da gestão. Sentimos efeitos da carência de investimento em saúde pública e saneamento. Se nós tivéssemos sempre o combate ao mosquito, certamente estaríamos em condições bem melhores. É uma forma de pensar dos gestores, que deixam acontecer para depois buscar o remédio. É comum no Rio Grande do Sul, por exemplo, que tenhamos as emergências superlotadas por doenças respiratórias no inverno. E aqui faz frio todo junho, julho e agosto. Tem de se preparar para isso com antecedência. Não se pode deixar o fato se criar para, então, correr atrás da solução.

Qual a sua opinião sobre a gestão de saúde pública no Brasil?

Não é de hoje que a saúde pública urge por melhorias. E isso requer boa administração. Ela cumpre um papel fundamental para que se atinjam melhores resultados e é o alicerce para conquistar metas e objetivos. O foco tem de estar na profissionalização da gestão. Na área de saúde, a responsabilidade da administração é ainda maior. Enquanto não tivermos governantes dispostos a mudar o cenário atual e instituir a boa gestão como um princípio diário, não consigo vislumbrar melhorias no quadro atual. 

Quais seriam os benefícios imediatos de uma boa gestão?

Pela ordem, seria cortar desperdícios e despesas, maximixar a receita e gastar naquilo que a população realmente precisa. 

Surtiu efeito, no seu modo de ver, a constante fiscalização da ANS nos planos de saúde? Ainda há o que se melhorar?

A agência entrou para regular o setor e isso foi muito bom. Muitas operadoras não profissionalizadas saíram do sistema de saúde. As que permaneceram estão ficando mais profissionalizadas e melhor geridas. Desse ponto de vista, a ANS ajudou as cooperativas como a Unimed Porto Alegre, que é muito profissionalizada, pois a fiscalização fortalece aquelas que fazem um bom trabalho. No entanto, as mudanças constantes na regulamentação impactam todos do setor. Muitas vezes, a ANS lança uma lista do que as operadoras têm de cobrir sem fazer o cálculo do impacto que a mudança vai trazer para quem paga pelo serviço. Se há um procedimento a mais que tem de ser contemplado, é óbvio que o plano terá de acrescentá-lo no preço. A cada alteração, os processos e os custos precisam ser revistos, o que acaba onerando o sistema.

Como está o desempenho da Unimed Porto Alegre neste momento de recessão econômica?

No ano passado, a receita bruta avançou 14% e foi de quase R$ 2 bilhões. Para este ano, estamos projetando crescer 13%. Como 87% dos nossos planos são coletivos por adesão ou empresariais, é óbvio que sentimos. Se tenho uma empresa contratante com 100 funcionários e ela demite 20, perco 20 beneficiados. Por isso, tentamos compensar comercializando os planos para outros segmentos da sociedade. Estamos, por exemplo, com uma campanha de adesão para pequenas e micro empresas. E para pessoas físicas mantemos uma grande demanda porque atuamos praticamente sozinhos com as operadoras locais. As maiores, nacionais, não vendem para pessoa física. 

Há o que se aprender com o recente caso da quebra da Unimed paulistana?

A Unimed Porto Alegre tira como lição que se deve ter cuidado com as oscilações de mercado e, por isso, se deve proteger os ativos da cooperativa com provisões.

Quais são as perspectivas da companhia para os próximos anos? 

Como uma operadora líder de mercado, vamos atuar fortemente para conquistar clientes em todos os setores. E não deixaremos de investir. Só nos dois primeiros meses do ano, inauguramos uma unidade em Esteio [região metropolitana de Porto Alegre] e na ampliação da Unidade de Saúde Ocupacional e do Centro de Oncologia e Infusão, em Porto Alegre. Para os próximos meses, estão previstas mais uma clínica de vacinas e uma unidade de atendimento pediátrico, ambas na capital gaúcha.

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Sexta, 29 Março 2024

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