O peitaço de Marta Rossi e seu Festuris
Quando abrir oficialmente o seu tradicional Festuris, na noite de quinta-feira (5 de novembro), no Serra Park, em Gramado (RS), Marta Rossi estará fechando um longo, exaustivo e tenso processo de negociação que empreendeu com autoridades do município e do governo gaúcho para colocar de pé o primeiro grande evento turístico da América Latina a se realizar no formato presencial, desde o início da pandemia causada pela Covid-19. Nesta entrevista concedida ao Portal AMANHÃ, Marta fala de sentimentos que a impulsionaram nesta campanha para desafiar o pânico instalado no mercado e reparar o que considera uma injustiça – a pecha de "vilões" colocada nos setores de turismo e eventos. "Fomos para a linha de frente nos posicionar", conta a presidente da Rossi & Zorzanello, promotora do Festuris. Confira a seguir.
Você anunciou a confirmação da trigésima-segunda edição do Festuris, de 5 a 8 de novembro, em Gramado. Será, conforme você divulgou, a primeira feira de turismo presencial da América Latina em um ano de pandemia. Como foi a tomada de decisão para avaliar e controlar riscos, e sobretudo remover resistências?
Nunca deixei de acreditar que realizaríamos o evento de forma presencial, porque acompanhando as análises da pandemia desde o seu início, tudo indicava que em outubro a curva iria desacelerar. Deixamos nosso time motivado de forma permanente, para que não desanimassem diante dos cancelamentos, porque o medo tinha instalado pânico no mercado e este recuava. Por vezes achávamos injusto que os setores de turismo e eventos fossem tratados como os vilões da pandemia, quando víamos os demais setores recomeçando. Fomos para a linha de frente nos posicionar, por uma questão de sobrevivência do mercado. E Gramado nos estimulou. Os empresários da cidade não se curvaram para a pandemia, lutaram para manter a cidade funcionando e impedir que o pânico aqui se instalasse.
O que haverá de diferente nesta edição do Festuris, em relação às 31 feiras anteriores?
O novo formato do evento terá preocupação constante com a saúde e segurança dos participantes, cumprindo uma série de protocolos aprovados pelo governo estadual e validados pelas entidades representativas do setor de eventos. Teremos corredores mais largos, estandes em formato de ilhas e ventilados, o check-in no evento será on-line para evitar aglomerações nas áreas de secretarias, além de outras medidas protocolares às quais nós tivemos de nos adaptar. Neste ano também estamos levando o nosso Meeting Festuris (debates sobre temas do turismo) para os pavilhões do Serra Park, na mesma estrutura onde acontece a feira de negócios. Essa foi uma medida tomada por nós para facilitar a logística e os cuidados com a saúde dos participantes. A feira também vai começar mais cedo neste ano, funcionando das 12h às 19h. Essas são as principais mudanças que destaco, mas a maior novidade creio seja interior, a vontade abafada que todos tínhamos de recomeçar.
O Festuris surgiu há três décadas. Neste período, você vivenciou algum desafio próximo ou remotamente parecido com o deste ano?
Todas as dificuldades pelas quais passamos, sempre são grandiosas e dolorosas no momento que estão sendo vividas. Passei por dores maiores que foram perdas. O que eu nunca tinha visto e nunca pude imaginar é que em uma época onde o desenvolvimento tecnológico transformou o planeta em um ninho, um vírus fosse fazer o planeta parar.
A paralisação dos negócios, que foi particularmente severa no mercado de turismo, criou uma demanda reprimida muito forte no setor? A recuperação da atividade deve se dar em ritmo veloz? Ou haverá um longo e gradual período de retomada?
O homem não vive em isolamento, ele precisa se movimentar e as viagens já faziam há muito parte do cardápio de nossa população. Se viajar pelo exterior não é possível, vamos conhecer este Brasil imenso e lindo, vamos rodar pelo nosso estado, forte em sua cultura e sua diversidade. Regiões que dependiam da força do mercado internacional, acredito, levarão um tempo maior para se reinventar. Quem sempre teve a força no turismo doméstico, irá se revigorar rapidamente. Acredito seja mais rápido do que imaginamos a partir da chegada da vacina.
Veja mais notícias sobre BrasilCoronavírusNegócios do SulRio Grande do Sul.
Comentários: