Peste suína preocupa líderes chineses
A cidade de Beijing sediou, de 25 a 27 de abril, o II Foro do “Cinturão e Rota” para a Cooperação Internacional, mega-iniciativa chinesa de logística e comércio, integrando a Ásia à Europa e aos demais continentes por via ferroviária e marítima. Participaram do evento na capital da China presidentes, chanceleres, ministros e representantes de mais de 150 países e 90 organizações internacionais. O presidente Xi Jinping, em seu discurso, conclamou a todos a unir esforços para promover o desenvolvimento de alta qualidade no “Cinturão e Rota”, baseado nos princípios da “consulta extensa, construção conjunta e benefícios compartilhados”. Esse é o aspecto decisivo para o sucesso do maior empreendimento chinês desde a Grande Muralha: todos os países no itinerário da “Rota da Seda do Século XXI” precisam fazer a sua parte, em termos de infraestrutura e de adequação comercial, para que o conjunto funcione integralmente conectado.
Há mais de dez anos trabalhando nesse projeto, a China já firmou acordos de cooperação no âmbito do “Cinturão e Rota” com 126 países e 29 organizações internacionais; seus trens ligam 50 cidades de 15 nações; 20 países participantes da iniciativa firmaram convênios de intercâmbio de divisas; e outros sete países estabeleceram acordos em Reminbi, a moeda chinesa.
Trata-se de desenvolvimento econômico em escala mundial, cujos impactos a médio e longo prazos ainda não estão dimensionados, e que beneficiará o Brasil de maneira extraordinária, se o país souber participar dele como estão fazendo dezenas de outros países, da Ásia Central, África e América do Sul: investindo em ampliação e modernização de ferrovias e transporte marítimo, intensificando ações comerciais para ampliar os negócios internacionais, e efetivando finalmente a saída pelo Pacífico.
É possível que o sucesso do evento não tenha sido afetado pela crise na suinocultura chinesa, causada pelo surto de Peste Suína Africana (PSA), doença mortal e para a qual ainda não há vacina ou tratamento, mas certamente o assunto está perturbando as lideranças políticas do país, pelos impactos que causa na soberania e segurança alimentares da China. Ainda que os números oficiais divulgados sejam relativamente pequenos (1 milhão de animais abatidos), as previsões externas são assustadoras, de até 130 milhões de suínos sacrificados, com queda da produção de carne de até 35% (o equivalente em 2019 a 18 milhões de toneladas).
O rebanho de suínos na China, em 2008, era de 463 milhões de cabeças. Subiu para 475 milhões em 2012 e desde então caiu ano após ano, atingindo 428 milhões em 2018. Essa diferença tão grande no período tem a ver com problemas ambientais, que levaram ao fechamento de muitas criações (a maioria pequenas), causando diminuição significativa do número de matrizes, de 50 milhões para 37 milhões. Em 2016, entrou em vigor plano de modernização da suinocultura para aumentar a qualidade da carne e a produtividade dos rebanhos. No ano passado, segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) – que monitora com lupa a agropecuária chinesa –, havia 45 milhões de matrizes, sinalizando uma retomada vigorosa da produção. Logo em seguida, com focos de PSA em alguns pontos do país, instalou-se o desencontro de versões e números. A única unanimidade que se tem sobre o problema atualmente é que a China precisa importar muita carne suína para manter o seu mercado consumidor abastecido e evitar assim que a população fique sem o produto e os preços subam muito. Como não há tanta carne suína disponível para pronta-entrega nos maiores exportadores, a China tem aumentado a importação de carne de frango.
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