"Não estamos no olho do furacão", diz Tatiana Prazeres na Fiesc

Secretária de comércio exterior do MDIC avalia que o ambiente internacional atravessa uma fase de rupturas e transformações
Tatiana Prazeres (direita) foi recebida por Maria Teresa Bustamante, na sede da entidade catarinense

A secretária de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Prazeres, disse nesta sexta (16) que o Brasil está relativamente protegido no mercado global atual, marcado por incertezas e tensões. "Não estamos no olho do furacão", afirmou, em Florianópolis, durante evento promovido pela Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), presidida por Maria Teresa Bustamante. Segundo ela, o comércio global vive uma "nova ordem", com revisão profunda na forma como os países se relacionam. Neste "cenário desafiador", destacou, a "resiliência das cadeias de produção ganha muita importância".

A secretária opinou que ainda não está claro se o mundo passa por um processo de "reglobalização" ou "desglobalização", em relação ao comércio. Ela avaliou que o ambiente internacional atravessa uma fase de rupturas e transformações, impulsionada por seis vetores interligados: o aumento do protecionismo (sozinho, não explica tudo); as tensões geopolíticas crescentes (reconfiguram as cadeiras produtivas); a crise do multilateralismo, da governança do comércio internacional (movimentos globais afetam inclusive os mercados mais conservadores); o retorno das políticas industriais (é um reconhecimento da importância da indústria e dos empregos); a aceleração da transformação digital (muda a competitividade dos países e amplia o comércio de serviços); e a interseção entre comércio e sustentabilidade (gera pressão por práticas empresariais mais sustentáveis; é algo que veio para ficar);

Em relação aos acordos com outros países e blocos econômicos, Tatiana destacou que o Brasil tem ampliado sua agenda de negociações em 2025. Entre os avanços, citou tratativas com os Emirados Árabes Unidos e com a EFTA — bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Na América Latina, afirmou, há negociações em andamento com Panamá e El Salvador, além de discussões com o México. Também estão em curso iniciativas para aprofundar acordos com Colômbia, Chile e Bolívia, e modernizar o Mercosul, que reúne Argentina, Paraguai e Uruguai. "Nossa proposta é priorizar e concluir, em vez de manter muitas agendas abertas", disse.

Em relação às exportações, Tatiana afirmou que ampliar a base exportadora é uma das prioridades para o Brasil. Hoje, apenas 1% das empresas brasileiras exporta, e a chance de uma companhia começar a exportar nos seus primeiros dez anos de atividade também é de apenas 1%. De acordo com o MDIC, Santa Catarina é o décimo estado que mais exporta. Os principais destinos são Estados Unidos, China, México, Argentina e Japão. Entre os produtos mais exportados estão carnes, motores elétricos, partes de máquinas e produtos de madeira. A secretária elogiou a indústria catarinense, classificando-a como "sofisticada e diversificada". "Quando vejo o perfil exportador de Santa Catarina em relação a outros estados, é diferenciado. Há diversidade setorial e valor agregado. Acima da média, claramente."

Origem da crise
O segundo mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem reconfigurado o comércio global e causado incertezas mundo afora. Ele retomou uma política protecionista, com aumento de tarifas de importação, especialmente contra produtos chineses. Segundo o governo dos Estados Unidos, o objetivo é proteger a indústria americana de concorrência desleal e reduzir a dependência da China em setores considerados estratégicos.

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Sábado, 17 Mai 2025

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