Mercado global aguarda mais ações do Fed

Corte de juros foi avaliado como insuficiente

Depois das bolsas ao redor do mundo reagirem positivamente à decisão do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) que anunciou um corte emergencial de 0,50 ponto percentual na taxa de juro, o pânico voltou à cena. Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o Dow Jones opera em queda de 2,8%, aos 25.964,29 pontos, enquanto o S&P 500 recua 2,5%, aos 3.010,60 pontos. O movimento é o oposto do que ocorreu logo após o anúncio do corte de juros do Fed, quando os índices chegaram a avançar mais de 1%. Segundo analistas, os investidores já esperavam uma forte ação do Banco Central (BC) dos Estados Unidos, porém, aguardam que a autoridade monetária tome mais providências, como fazer novos cortes de juros. A reunião do Fed que definirá como deve ficar a taxa de juros está marcada para 17 e 18 de março, mesma data que os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC brasileiro, se encontrarão.
Entre os fatores domésticos que têm provocado a valorização do dólar, está a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa Selic – juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor nível da história. Juros mais baixos desestimulam a entrada de capitais estrangeiros no Brasil, também puxando a cotação para cima. Alguns agentes financeiros, inclusive, agora estão apostando que a Selic deve ter novos cortes, algo que fará com que o juro alcance o patamar de 3,75%.
Em nota, o BC afirmou que monitora atentamente os impactos do surto de coronavírus nas condições financeiras e na economia brasileira. "O eventual prolongamento ou intensificação do surto implicaria uma desaceleração adicional do crescimento global, com impactos sobre os preços das commodities e de importantes ativos financeiros. O Copom concluiu que a consequência desses efeitos para a condução da política monetária dependerá da magnitude relativa da desaceleração da economia global versus a reação dos ativos financeiros", citou o BC, recordando trecho da última ata.
"À luz dos eventos recentes, o impacto sobre a economia brasileira proveniente da desaceleração global tende a dominar uma eventual deterioração nos preços de ativos financeiros. O Banco Central enfatiza que as próximas duas semanas permitirão uma avaliação mais precisa dos efeitos do surto de coronavirus na trajetória prospectiva de inflação no horizonte relevante de política monetária", finaliza a nota. No Brasil, o mercado de ações segue aos sobressaltos. Depois de passar boa parte da manhã no positivo, o índice Ibovespa, da B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo), marcava por volta de 12h 106.378 pontos, queda de 0,2%. O movimento do Fed, no entanto, fez com que a B3 voltasse ao patamar positivo cerca de meia hora depois, aos 108.334 pontos (+1,6%). Ao ingressar para o final do pregão, o Ibovespa novamente operava no negativo, com queda de 1,3%, aos 105.162 pontos. Ontem a bolsa recuperou as perdas chegando ao final do dia com uma valorização de 2,3%. O indicador também alternou altas e baixas durante a manhã, mas consolidou os ganhos durante a tarde. Na sexta-feira (28), o Ibovespa chegou a operar abaixo de 100 mil pontos por alguns minutos. Já o dólar subiu pela décima sessão seguida, e renovou o patamar recorde de fechamento nominal (sem considerar a inflação). A moeda norte-americana foi vendida a R$ 4,5109, em alta de 0,5%. Em março, a moeda acumula alta de 0,6%. No ano, já subiu 12,5%.
Nas últimas semanas, o mercado financeiro em todo o mundo tem atravessado turbulências em meio ao receio do impacto do coronavírus sobre a economia global. Com as principais cadeias internacionais de produção afetadas por causa da interrupção da atividade industrial na China, indústrias de diversos países, inclusive do Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para fabricar e montar produtos. A desaceleração da China, segunda maior economia do planeta, também pode fazer o país asiático consumir menos insumos, minérios e produtos agropecuários brasileiros. Uma eventual redução das exportações para o principal parceiro comercial do Brasil reduz a entrada de dólares, pressionando a cotação.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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