Ana Furtado ou o amor à vida

Não basta ser bela. Não basta ser feliz no casamento. Não basta ter dinheiro. Importante, certas horas, é captar a dimensão efêmera de todas as dádivas acima e lutar com força pela vida. Isso feito, vibrar a cada despertar, com cada tacada de golfe, ...
Ana Furtado ou o amor à vida

Não basta ser bela. Não basta ser feliz no casamento. Não basta ter dinheiro. Importante, certas horas, é captar a dimensão efêmera de todas as dádivas acima e lutar com força pela vida. Isso feito, vibrar a cada despertar, com cada tacada de golfe, sob o esplendor das cerejeiras do Japão e no convívio puro e simples dos familiares. Digo tudo isso pensando na apresentadora Ana Furtado, da Globo, que está em vias de superar um câncer agressivo, felizmente detectado a tempo de reagir ao tratamento. 

Gosto dela. Gosto de sua forma bem humorada de comunicar, do lado coquete de uma mulher que exsuda feminilidade e nunca quis parecer ser minimamente diferente do que é. Emocionei-me com os momentos públicos de sua fragilidade explicável, imaginando o quanto ela não se sentia acossada pela angústia em seus espaços privados. Ouvi o desespero resignado de quem explicava o método adotado para reduzir a queda de cabelo, submetendo o crânio a temperaturas próximas a zero.

Ontem dei uma olhada em sua conta Twitter para ver a quantas ia. Emoldurada pelas belezas de Kyoto, um dos lugares mais abençoados do planeta nessa época do ano, vibrei com sua alegria como se fosse a de alguém da família. De mais, acredito piamente que ela vai ter sempre um pensamento para as centenas de mulheres que se irmanaram com ela nessa cruzada, e nelas vai pensar quando acender incenso no templo da Nara, destino que recomendo vivamente já que ela está ali no Kansai.           

Ter amor à vida não é pouca coisa. Ana Furtado, que eu não conheço pessoalmente, é apenas um contraponto público e charmoso a inúmeros casos que estes sim conheci de uma superação em tudo parecida à dela. Foram dores mais anônimas, dúvidas discretas, encruzilhadas feitas de coragem silenciosa, de disciplina e pragmatismo. Imagino o quanto essa determinação seja mais rara em homens na mesma faixa, talvez propensos a achar que não farão grande falta e que já viveram sua cota de prazeres. 

Por fim, gosto de ver o aceno de volta que faz a vida a todos que cultuam a beleza, dela fazendo uma profissão de fé. Não chego aos extremos de minha mãe, para quem a vida de pessoas belas é mais valiosa do que a daquelas que são desleixadas. Mas não há dúvida que as boas energias que Ana Furtado emite – ao trajar-se lindamente, preservar seus atributos femininos e se esparramar em agradecimentos à vida –, hão de lhe ter valido essa nova chance que, espero eu, se perpetue por décadas. 

Ana Furtado e essa estranha mania de ter fé na vida. Vá fundo, estou com você. 


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Quinta, 12 Dezembro 2024

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