Mercado financeiro volta a registrar turbulências

Dólar chegou a valer R$ 4,51, mas recuou com atuação do BC

Em mais um dia de tensão por causa do impacto do novo coronavírus sobre a economia, o mercado financeiro voltou a registrar turbulências. Em alta pela oitava sessão seguida, o dólar voltou a fechar no maior valor nominal desde a criação do real. Nesta manhã, a moeda chegou a valer R$ 4,5131, alta de 0,8%. No entanto, no final do pregão, a moeda recuou para R$ 4,4809 (-0,1%) com atuação do Banco Central (BC) que realizou oferta líquida de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional, em que vendeu todos contratos, no equivalente a US$ 1 bilhão.

Na quinta-feira (27), o dólar comercial encerrou a sessão vendido a R$ 4,475, avanço de 0,7%. Desde o começo do ano, o dólar acumula valorização de 11,5%. Depois de registrar a maior queda diária em quase três anos, a bolsa voltou a cair. No mercado de ações, a bolsa voltou a enfrentar mais um dia de queda. O Ibovespa, da B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo), marcava 100.816 pontos, retração de 2,1%, por volta de 13h30. No meio da tarde, o índice já se recuperava (102.649 pontos), movimento que seguiu até o fim do dia, ao obter alta de 1,1%, aos 104.171 pontos, por volta de 18h30.

Nas últimas semanas, o mercado financeiro em todo o mundo tem atravessado turbulências em meio ao receio do impacto do coronavírus sobre a economia global. Além da interrupção da produção em diversas indústrias da China, a disseminação da doença na Europa e a confirmação do primeiro caso no Brasil indicam que outras economias podem reduzir a atividade por causa do vírus.

Com as principais cadeias internacionais de produção afetadas, indústrias de diversos países, inclusive do Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para fabricarem e montarem produtos. A desaceleração da China também pode fazer o país asiático consumir menos insumos, minérios e produtos agropecuários brasileiros. Uma eventual redução das exportações para o principal parceiro comercial do Brasil reduz a entrada de dólares, pressionando a cotação.

Sondagem da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) verificou que 57% do setor eletroeletrônico já lida com a falta de peças importadas da China que são necessárias para a montagem de produtos. O que tem provocado o desabastecimento, segundo a associação, é a paralisação da produção dos artigos, em razão do surto do coronavírus, considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional.

Segundo a Abinee, quem mais tem tido dificuldades para encontrar materiais, insumos e componentes são os fabricantes de celulares, computadores e demais produtos de tecnologia da informação. A Abinee ouviu cerca de 50 industriais, que apontaram o problema com mais ênfase do que no levantamento anterior, elaborado duas semanas antes, com o índice de 52% subindo cinco pontos percentuais. A entidade esclarece que quase metade dos itens, 42%, é conseguida com fornecedores da China. Somente em 2019, o volume exportado do país asiático para o Brasil totalizou US$ 7,5 bilhões. Outros países do continente respondem por 38,3% desse tipo de provimento. O fornecimento da Ásia garante 80,5% das peças utilizadas pelo setor.

Risco "muito alto"
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou para "muito alto" o risco em nível global de disseminação do novo coronavírus. "O contínuo aumento dos casos de Covid-19 e do número de países afetados pelos últimos dias é claramente preocupante", ressaltou o diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, em coletiva à imprensa em Genebra nesta sexta-feira (28). Covid-19 é a doença causada pelo novo coronavírus. Entre a manhã da quinta-feira (27) e a da sexta-feira, foram registrados 329 novos casos na China. Este o menor aumento do número de casos do último mês no país asiático.

No total, a China registrou 78.959 casos do Covid-19, com 2.791 mortes pela doença. Fora da china são 4.351 casos em 49 países, com 67 mortes. Desde esta quinta-feira (27), Dinamarca, Estônia, Lituânia, Holanda e Nigéria reportaram seus primeiros casos, todos relacionados à disseminação do vírus na Itália.

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Sexta, 26 Abril 2024

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