Ibovespa sobe 7,1% depois da maior queda em 20 anos
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3 (foto), fechou em alta de 7,1%, aos 92.214 pontos. O dólar acabou o dia sendo cotado a R$ 4,6447, uma queda de 1,7%. Na segunda-feira (9), a bolsa caiu 12,1%, na maior retração em mais de duas décadas. Com isso, o Ibovespa perdeu os ganhos do ano passado e voltou ao patamar de 27 de dezembro de 2018, quando marcou 85.460 pontos.
A bolsa no Brasil seguiu a trajetória de recuperação que também foi evidenciada nas principais bolsas de valores da Europa. Elas tiveram hoje uma valorização média de 3% depois da forte queda de segunda-feira (10), relacionada com os efeitos do novo coronavírus na economia mundial e pela redução nos preços do petróleo, a maior desde 1991, ano da primeira guerra do Golfo. Agentes econômicos alimentam expectativas que ações coordenadas de governos e bancos centrais de todo o mundo ajudarão as economias em meio ao surto do novo coronavírus.
Os preços do petróleo estão sendo negociados em alta perto de 10%, após a retração de quase 25% alcançada ontem. A queda se deu em razão da guerra de preços protagonizada pelos maiores produtores, Arábia Saudita e Rússia. Agora os dois países negociam uma saída pacifica com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Outro fato que dá otimismo é que o presidente norte-americano Donald Trump afirmou que tomará medidas importantes para proteger a economia dos Estados Unidos contra impactos da disseminação do coronavírus. Muito provavelmente Trump lançará um pacote que conterá corte de impostos. O governo do Japão planeja gastar mais de US$ 4 bilhões em um segundo pacote de ações para lidar com o vírus.
Economia global
Os resultados de dois indicadores – o Barômetro Coincidente e o Antecedente da Economia Global – apontaram em março que a epidemia de coronavírus já impactou a economia mundial. Os indicadores compõem Barômetro Econômico Global, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), em colaboração com o Instituto Econômico Suíço KOF da ETH Zurique, na Suíça. Os dois recuaram aos menores níveis desde 2009 e mostram que a propagação da epidemia não ultrapassou a região asiática, conforme os dados coletados em fevereiro. A queda do Barômetro Global Coincidente atingiu 14,4 pontos, passando de 92,4 pontos para 78,0 pontos. Com isso, ficou bem abaixo da média histórica de 100 pontos.
De acordo com o Ibre, as variáveis que compõem o indicador regional da região Ásia, Pacífico e África, contribuíram para o recuo, ao contrário das que compõem as regiões da Europa e do Hemisfério Ocidental (América do Norte, América Latina e Caribe), que, apesar de tímidas, tiveram desempenho positiva para o resultado. A edição destacou ainda que o resultado do Barômetro Coincidente sugere que "a economia global já sofreu danos expressivos", ainda que a maioria das variáveis ainda não tenham captado a disseminação da epidemia para fora da região asiática. A análise dos indicadores identificou ainda que a maior contribuição para a queda veio da Indústria, seguida pelo conjunto de variáveis de desenvolvimento econômico geral, e pelo comércio, incluindo varejo e atacado, variáveis que refletem a evolução das economias em nível mais agregado. Já os setores de Construção e de Serviços registraram pequena queda em março.
No Barômetro Global Antecedente, a queda foi um pouco menor em relação ao Coincidente e alcançou 10,4 pontos. Com isso, saiu de 97,6 pontos em fevereiro para 87,2 pontos em março. O resultado ocorreu após o indicador registrar alta nos dois meses anteriores. O Barômetro Antecedente costuma antecipar os ciclos econômicos de três a seis meses. Neste caso, as regiões da Europa e Hemisfério Ocidental contribuíram de forma ligeiramente positiva para o resultado, diferente das variáveis da região Ásia, Pacífico e África, que deram maior contribuição negativa.
O IBRE informou que os barômetros econômicos globais são um sistema de indicadores que permite a análise do desenvolvimento econômico global. Entre os dois indicadores que os compõem, o Barômetro Coincidente reflete o estado atual da atividade econômica, enquanto o Barômetro Antecedente projeta um sinal cíclico de cerca de seis meses à frente dos desenvolvimentos econômicos reais. Para a elaboração dos dois barômetros são considerados os resultados de pesquisas de tendências econômicas realizadas em mais de 50 países. "O objetivo é alcançar a cobertura global mais ampla possível. As vantagens das pesquisas de tendências econômicas são que seus resultados geralmente estão disponíveis rapidamente e não são substancialmente revisados após a primeira publicação", observou a FGV.
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