Desidratação da Previdência desanima mercado
A soma de dados fracos da economia norte-americana, que podem revelar uma possível recessão, e a desidratação da reforma da Previdência no Senado fizeram com que a B3 seguisse no vermelho nesta quinta-feira (3). A instabilidade tem sido a marca do pregão de hoje. Logo no começo, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, chegou a cair 1%, porém, por volta de 11h30 recuperou parte da perda chegando aos 100.457 pontos (-0,5%). Cerca de meia hora depois voltou ao azul (+0,5%), porém perto das 13h caiu novamente (-0,3%).
Parte do mau humor do mercado brasileiro tem a ver com a derrota do governo na votação dos destaques da reforma da Previdência em primeiro turno no Senado, na madrugada de quarta-feira (2). Os senadores derrubaram a restrição do abono salarial a quem ganha até R$ 1.364,43. Com a retirada do ponto da proposta de emenda à Constituição (PEC), a economia caiu para R$ 800,2 bilhões nos próximos dez anos. A restrição do pagamento do abono salarial geraria economia de R$ 76,2 bilhões ao governo nos próximos dez anos, segundo o Ministério da Economia. Agora, a equipe comandada por Paulo Guedes pretende salvar o restante da proposta para o segundo turno e impedir uma nova desidratação do texto. Uma Medida Provisória (MP) para definir a divisão dos recursos do leilão de petróleo do pré-sal, como querem os senadores, poderia ser uma das saídas. O leilão está marcado para 6 de novembro e a resolução do impasse tem de ocorrer rapidamente para que os investidores não desistam de participar. A área econômica também estuda a possibilidade de incluir as mudanças no abono salarial na chamada PEC paralela, redigida pelo senador Tasso Jereissati.
Nos Estados Unidos, um dado de serviços do país confirma a tendência de desaquecimento registrada na semana passada na indústria. O anúncio elevou o temor de que o país possa entrar em recessão. O índice de serviços do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu de 56,4 pontos para 52,6 pontos no mês passado. A expectativa média dos economistas era de uma queda bem menor (55,3 pontos). Outro fato que está pesando é que os EUA pretendem impor à União Europeia (UE) tarifas adicionais de até 25%. Esta é a medida mais recente em decorrência da disputa comercial sobre aeronaves. A Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou que os norte-americanos prossigam com as medidas retaliatórias. As novas taxas devem cobrir até US$ 7,5 bilhões de importações da UE.
Os Estados Unidos argumentam que subsídios ilegais da UE para a fabricante de aeronave Airbus, sediada na França, estão impedindo uma competição justa com a Boeing, nos Estados Unidos. A OMC apoiou o argumento em maio de 2018. Regras da organização estabelecem que os requerentes que apresentam queixas podem adotar contramedidas, caso o outro lado não tome uma medida corretiva. Washington afirma que vai impor as tarifas extras de até 25% em produtos agropecuários e de 10% para aeronaves da UE. As medidas entrarão em vigor a partir do dia 18 de outubro. A União Europeia está planejando uma reação. O bloco prepara tarifas retaliatórias sobre importações americanas. A medida viria depois de a OMC ter confirmado seu argumento de que Washington estaria oferecendo subsídios ilegais à Boeing. Os Estados Unidos também estão considerando impor taxas adicionais para carros de países europeus e outras localidades.
*Com NHK (emissora pública de televisão do Japão)
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