Com vitória de Bolsonaro, dólar deve seguir em queda e Ibovespa se valorizará
Os analistas do mercado financeiro estão prevendo que as altas na bolsa e a queda da moeda norte-americana serão dois fatos que se intensificarão nos próximos dias. Os agentes financeiros concederão o benefício da dúvida ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) e devem operar em um cenário onde a previsão é de que as reformas sigam adiante. Há quem aposte que o Ibovespa, principal índice da B3, a bolsa de valores de São Paulo, alcance um patamar entre 90 mil e 100 mil pontos, um avanço entre 5% e 17% em relação aos números de hoje. De acordo com a XP Investimentos, caso as reformas se materializem ao longo de 2019, a bolsa poderia buscar os 125 mil pontos até o final do próximo ano. Nesta segunda-feira (29), por volta do meio-dia, o Ibovespa subia 0,8%, aos 86.340 pontos. Porém, no início da tarde, o índice acumulava retração de 1%, aos 84.882 pontos.
Segundo uma análise da XP, ações ligadas ao varejo (B2W e Lojas Americanas), aviação (Gol) e bancos (Bradesco e Banco do Brasil), se beneficiarão no governo de Bolsonaro. "Com uma agenda liberal em pauta, Petrobras, Cemig e Banco do Brasil seriam os nomes mais beneficiados. Do outro lado, os exportadores, como a Vale e a Suzano, tendem a ser menos beneficiados, principalmente pelo câmbio mais apreciado", explica a nota da XP. Os analistas da corretora revelam ainda que o setor de alimentos de bebidas, muito correlacionado à atividade econômica, pode ser favorecido com a retomada do consumo interno. Nesse caso, os papéis da catarinense BRF podem se valorizar. Com a melhora da expectativa e renda disponível, que aqueceriam as vendas, o segmento do vestuário também pode ser uma boa aposta. Nesse caso, as ações da Lojas Renner podem ganhar corpo. A Petrobras também se beneficiaria por causa da manutenção da política de preços que assegure o repasse dos preços de petróleo e câmbio. Além disso, a continuidade de leilões de pré-sal seria positiva para a produção de petróleo brasileira no longo prazo. O plano de governo de Bolsonaro aborda a redução de muitas alíquotas de importação e das barreiras não-tarifárias, em paralelo com a constituição de novos acordos bilaterais internacionais. Desse modo, empresas de setores como siderurgia e industriais como a Weg poderiam ser negativamente impactadas.
O dólar comercial segue em baixa nesta segunda-feira. Por volta do meio-dia, a moeda norte-americana marcava R$ 3,6308, recuo de 0,5%, após mínima de R$ 3,5823. Mais tarde, por volta de 13h30, o dólar se valorizava 0,5%, sendo cotado a R$ 3,6767. A divisa dos Estados Unidos, que já caiu 9,5% em outubro, pode ceder um pouco mais e caminhar para mais perto dos R$ 3,60, de acordo com previsões iniciais de analistas de mercado. "Em relação ao cenário internacional, a desaceleração do crescimento mundial, bem como do comércio mundial, e o aperto gradual das condições financeiras poderão implicar o fortalecimento adicional da moeda americana. A desaceleração da China, ainda que gradual, é agravante. Este quadro é particularmente preocupante para países emergentes", opina Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
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