Bolsa recupera parte das perdas e sobe 4,8% nesta terça-feira

Avanço do Covid-19 levou à indefinição sobre o destino dos juros básicos

Apesar de uma ação coordenada dos principais bancos centrais do mundo para injetar dinheiro e estimular a economia mundial, os mercados financeiros globais seguem tendo mais um dia de nervosismo. A B3 (foto) apresentou um quadro bastante instável nesta terça-feira (17). Perto do meio-dia, o índice acumulava ganho de 3,3%, aos 73.534 pontos. Uma hora depois, o Ibovespa tomou o caminho de forte alta, aos 77.149 pontos, valorização de 8,4%, quando voltou a cair por volta de 13h55 (+5,6%, aos 75.179 pontos) e se manteve nesse patamar até 14h30. No final do pregão, o Ibovespa fechou o dia em alta de 4,8%, aos 74.617 pontos.

O dólar chegou a valer mais de R$ 5, mas acabou sendo cotado a R$ 5,0056, queda de 1,1%. Antes do início do pregão, o Banco Central (BC) anunciou um leilão de linha, como é conhecida a operação de venda com compromisso de recompra, no valor de até US$ 2 bilhões, movimento que ajudou a levar a divisa norte-americana para baixo. Os investidores seguem analisando o pacote anunciado ontem à noite por Paulo Guedes (veja mais detalhes aqui), enquanto aguardam decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, programada para esta quarta-feira (18).

O avanço do novo coronavírus e a instabilidade do mercado financeiro na última semana levaram à indefinição sobre o destino dos juros básicos da economia. No início da semana passada, a maioria das instituições financeiras consultadas pelo boletim Focus, do BC, previa a manutenção da Selic, que está no menor nível da história. No entanto, a forte alta do dólar e a queda da bolsa nos últimos dias provocaram uma inversão de expectativas. A curva de juros no mercado futuro subiu, indicando que parte dos agentes financeiros aposta em um possível aumento da Selic. Há quem aposte que o comitê corte o juro em 1 ponto percentual, para 3,25% ao ano.

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou nesta manhã que oferecerá um mecanismo de financiamento chamado "commercial papers" [dívidas que empresas emitem sem garantias, para financiamento de suas operações de curto prazo] para melhorar o funcionamento do mercado. A autoridade monetária comprará essas dívidas. O plano foi aprovado pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o departamento fornecerá US$ 10 bilhões em proteção de crédito ao banco central.

Na manhã de hoje, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou a primeira morte no país em decorrência do novo coronavírus. A primeira vítima de coronavírus no Brasil é um homem, de 62 anos, morador de São Paulo, que também tinha comorbidades como diabetes e hipertensão. Ele deu entrada em um hospital privado, não identificado, no sábado (14), e faleceu ontem. Os primeiros sintomas se manifestaram no dia 10 de março. O paciente não tinha histórico de viagem.

Ontem, a bolsa de valores caiu quase 14% e voltou aos níveis de julho de 2008. O dólar fechou acima de R$ 5 pela primeira vez na história. O índice Ibovespa fechou a segunda-feira (16) aos 71.168 pontos, com queda de 13,9%. Pela quinta vez em oito dias, a bolsa acionou o circuit breaker, mecanismo que suspende as negociações quando o índice cai mais de 10%. Das 10h24 às 11h02, a B3 ficou paralisada, mas o Ibovespa continuou a cair após a retomada da sessão. O dólar comercial encerrou a segunda-feira vendido a R$ 5,047, com alta de R$ 0,234 (+4,86%), na maior cotação nominal desde a criação do real. A divisa subiu durante toda a sessão, mas superou a barreira de R$ 5 por volta das 15h30, até fechar próxima da máxima do dia. A divisa acumula alta de 25,7% no ano.

O pacote de estímulos dos principais bancos centrais do mundo, que diminuíram juros e injetaram dinheiro nos mercados globais, não conteve as tensões. Os investidores interpretaram a medida como sinal de que a recessão mundial provocada pelo coronavírus será maior que o inicialmente previsto. O Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, diminuiu para zero os juros da maior economia do planeta e injetou US$ 700 bilhões.

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Quinta, 25 Abril 2024

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