B3 fecha em forte queda por aversão ao coronavírus

O primeiro caso da doença foi confirmado no Brasil

Na última semana de fevereiro, a esperança com a contenção do coronavírus (Covid-19) na China deu lugar à preocupação com a disseminação do vírus em outros países, o que poderia levar a uma epidemia global. Durante o feriado do Carnaval no Brasil, as Bolsas de valores no mundo sofreram fortes quedas, e um movimento de corrida a ativos seguros se intensificou.

Os mercados globais caíram entre 6% e 7% entre segunda-feira (24) e terça-feira (25), enquanto as ações de empresas brasileiras listadas nos Estados Unidos (ADRs) tiveram fortes baixas semelhantes nesse mesmo período – e isso se refletiu logo na abertura dos mercados nesta quarta-feira (26) no Brasil. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, a B3 (foto) andava para o fechamento do pregão acumulando forte queda de 7%, aos 105.718 pontos. Desse modo, a B3 registrou a maior queda desde 18 de maio de 2017, quando o mercado repercutiu a divulgação das conversas do ex-presidente Michel Temer com Joesley Batista, dono da JBS.

Real é a terceira moeda que mais desvalorizou em 2020

O dólar comercial iniciou a semana sendo cotado a R$ 4,4407, alta de 1,1% e renova recorde de fechamento nominal (sem considerar a inflação). No mês, o dólar acumula valorização de 3,6%. Em 2020, a moeda já subiu 10,7%. Por conta de fluxos elevados de capitais para mercados de menor risco, a moeda norte-americana continuou se apreciando frente a outras divisas, em especial aquelas de países emergentes. Nos últimos dias, moedas de países como África do Sul, Turquia, Rússia, Chile e outras perderam mais entre 1% e 2% de valor frente ao dólar americano. "Esperamos que a cotação do dólar siga pressionada frente ao real, dado que os fundamentos seguem suportando a moeda norte-americana", prevê a XP.

No curto prazo, a principal preocupação para as empresas se refere ao potencial impacto que uma desaceleração econômica, a partir dos países impactados pelo coronavírus, possa ter em seus resultados. Nos Estados Unidos, os primeiros sinais de desgaste no setor de tecnologia surgiram na semana passada, depois que a Apple se tornou a primeira grande companhia a afirmar que não atenderá às projeções de receita para o trimestre devido à epidemia. Várias outras empresas, incluindo Procter & Gamble e Royal Caribbean Cruises, também alertaram que esperavam que a epidemia impactasse seus desempenhos financeiros. No Brasil, o Ibovespa estava fechado devido ao feriado de Carnaval, mas oíÍndice da bolsa brasileira dolarizado (EWZ) acumulou queda de 6,3% nos últimos dois dias, enquanto as ações de empresas brasileiras que negociam na bolsa americana (ADR) também tiveram grandes quedas.

"Caso os impactos do surto se prolonguem no médio prazo, poderemos continuar vendo pressão nos preços de ações brasileiras ligadas à economia global, como empresas de commodities, frigoríficos exportadores, companhias aéreas e de turismo, além de empresas domésticas de consumo que possam ter seus resultados deteriorados a depender do impacto para a economia brasileira. Por outro lado, ações de empresas reguladas, como elétricas e saneamento, podem ser boas oportunidades, já que não são dependentes da economia e pagam dividendos robustos", avalia o relatório feito pela XP nesta quarta.

Ação para conter impactos na economia
Segundo o estrategista macro global da XP, Alberto Bernal, os governos no mundo devem agir para conter não apenas a propagação do vírus, mas também os severos impactos econômicos causados no primeiro trimestre. Ele espera que tanto a Europa quanto a China aumentem o nível de estímulos à economia no curto prazo, e isso pode trazer alívios aos mercados quando forem anunciados. De fato, desde o começo de fevereiro, o governo Chinês tem feito medidas de estímulo através de injeção de liquidez no sistema financeiro. O governo de Hong Kong anunciou nesta quarta um pacote de auxílio de quase US$ 1.300 para cada residente permanente que tiveram suas finanças impactas pelo vírus e pelos protestos que se alastraram por Hong Kong no final do ano passado. O auxílio virá na forma de dinheiro vivo, totalizando quase US$ 10 bilhões de injeção de liquidez na economia local. "Esse pode ser apenas o primeiro sinal de vários outros estímulos que virão em outros países", projeta a XP.

Uma onda de casos gerou paralisação de algumas atividades nos países, enquanto as autoridades tentam manter os recentes surtos sob controle. Além disso, o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil em um paciente de São Paulo que voltou de viagem recente à Itália. Na terça-feira (25), o número de novos casos notificados fora da China ultrapassou o total de pacientes confirmados, pela primeira vez, no país. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que fora do território chinês existem agora 2.790 casos em 37 países, com um total de 44 mortes.

Até esta segunda-feira, pelo menos 80.239 pacientes haviam sido confirmados. Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, explicou que nessas 24 horas foram relatadas 10 novas notificações na China continental, fora da província de Hubei, epicentro do Covid-19. Em nível global, há dezenas de novos pacientes na Coréia do Sul, na Itália e no Irã. A OMS está atuando com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), para estimar o possível impacto econômico da epidemia, criar uma estratégia e analisar opções de políticas para mitigação.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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