PF deflagra operação no RS com base na Lava-Jato
As investigações decorrentes da 26ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada em março do ano passado, foram o ponto de partida da Operação Étimo pela Polícia Federal (PF), que cumpre hoje (16) cinco mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e em Brasília. O objetivo é combater crimes contra o sistema financeiro nacional, de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção. “Usamos laboratório das informações compartilhadas da Lava Jato, o que auxiliou muito, porque agiliza e qualifica o trabalho. Isso tem possibilitado que a gente comece a juntar pontas que estavam soltas. Aos poucos, estamos fazendo ligações que eram desconhecidas das investigações que tramitavam individualmente, sem que soubéssemos que estavam interligadas”, afirmou a delegada federal Ilienara Kristina Karas, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Rio Grande do Sul.
A investigação identificou transações financeiras suspeitas entre três grandes empreiteiras e pelo menos uma entidade associativa a que as empresas estavam ligadas. A PF diz que a maneira como essas transações ocorriam são típicas em operações de lavagem de dinheiro e semelhantes aos métodos usados pelas empresas investigadas na Lava-Jato. Segundo a investigação, as empreiteiras pagavam contribuições sindicais às entidades com base em percentuais dos valores de obras públicas, principalmente no setor rodoviário.
A PF identificou também repasses das entidades para as empresas que totalizam cerca de R$ 30 milhões. A origem do dinheiro está sendo investigada pela Polícia Federal, e o envolvimento de agentes públicos não está descartado. “As movimentações financeiras apresentam muitos saques de valores em espécie, e a gente sabe que saques em valores muito altos podem ter finalidade ilícita, muitas vezes de pagar propina. Essa é, obviamente, uma linha de investigação”, ressaltou Ilienara.
A Justiça Federal autorizou o sequestro de bens e a quebra de sigilo das empresas investigadas. A PF esperava encontrar pelo menos R$ 2 milhões nas contas, mas o valor ficou aquém das expectativas do órgão. De acordo com a investigação, há indícios de que os investigados tenham remetido dinheiro para contas no Panamá e na Suíça.
O nome das empresas, entidades e das obras envolvidas no esquema não foi divulgado pela PF para não prejudicar as investigações que estão em andamento. Porém, de acordo com o jornal Zero Hora, os alvos da operação são dois irmãos: o doleiro Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro e o engenheiro Athos Albernaz Cordeiro. Também de acordo com a publicação, as buscas foram feitas no oitavo andar Edifício Coliseu, na Praça Oswaldo Cruz, no centro da capital gaúcha. Ali, segundo o jornal, estão instaladas duas associações que reúnem empreiteiras: uma delas é a Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas (Areop), alvo da operação.
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