Venda de vinhos brasileiros tem recuo de 20% até março
O Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) divulgou os dados de comercialização do primeiro trimestre deste ano. Os números mostram a queda de 20,3% em relação ao mesmo período de 2016, se considerado o desempenho total do setor. De janeiro a março foram vendidos 61,3 milhões de litros, enquanto no ano passado foi registrada a venda de 77 milhões de litros. Nos produtos vitivinícolas com maior volume de elaboração – o vinho de mesa e os sucos de uva prontos para o consumo – a redução foi de 22,1% e 15,3%, respectivamente. No vinho fino o recuo foi ainda maior, de 30,5%, enquanto o espumante registrou queda de 21,1%.
Para o presidente do Ibravin, Dirceu Scottá, a carga tributária que incide sobre o vinho brasileiro, o crescente aumento dos custos em toda a cadeia, aliados ao momento econômico e à diminuição na renda das famílias explicam o resultado negativo do primeiro trimestre de 2017. Scottá cita ainda como os principais motivos o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fixado em 10% sobre o valor de venda do produto desde 2015, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além da Substituição Tributária (ST), que dificulta a venda entre os estados e que antecipa o pagamento dos impostos. “Neste cenário estamos perdendo espaço para o vinho importado, que hoje já ocupa 40% do mercado brasileiro, se considerarmos todos os produtos. As nossas condições de competitividade não são as ideais porque temos custos maiores e encargos tributários elevados”, reclama Scottá.
A participação dos rótulos importados no mercado brasileiro de vinhos finos (incluindo vinhos tranquilos e espumantes), que no primeiro trimestre de 2016 era de 73,1%, chegou a 84,6% neste ano. Scottá acrescenta que cerca de metade do valor de uma garrafa produzida no Brasil, em média, é composto por tributos, podendo ocorrer variações entre os Estados de acordo com a alíquota de ICMS. O dirigente destaca, ainda, o grande volume de vinhos finos importados a valores cada vez menores no país e que acabam competindo com o vinho de mesa engarrafado. Os aumentos na importação das bebidas referidas por Scottá foram de 48,5% para os vinhos tranquilos e de 44% na venda de espumantes. A queda no valor dos vinhos importados foi de 16,5% nos primeiros três meses do ano, com preço médio por litro de US$ 2,79. Em 2016, no mesmo período, esse valor era de US$ 3,35.
O vice-presidente do Ibravin, Oscar Ló, também justifica a queda na comercialização em função dos altos custos de produção da última safra, que registrou quebra de 57% no volume colhido, e que acabou impactando no preço dos produtos nos pontos de venda. Segundo o dirigente, que também preside a Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), a perspectiva é de que nos próximos meses ocorra a recuperação na comercialização. “A chegada do frio também pode ajudar a aquecer as vendas”, acredita. Ló prevê que, ao final do ano, os volumes de vendas deverão ficar próximos aos de 2016 e acrescenta que o momento econômico do país também influenciou nos resultados do primeiro trimestre.
O Ibravin vem trabalhando junto ao Governo Federal e aos governos estaduais para a redução da tributação de vinhos. Em 2016, o setor conquistou a inclusão das micro e pequenas vinícolas no Simples Nacional. A medida passa a vigorar a partir de 2018. O trabalho junto aos Estados é focado na diminuição da Margem de Valor Agregado (MVA) que compõe as alíquotas de ICMS, além da suspensão da ST.
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