Setor calçadista desacelera e deve crescer 1,6% ano que vem

A dinâmica de crescimento do setor tem arrefecido nos últimos meses de 2022
Entre janeiro e setembro deste ano, a produção de calçados alcançou 621 milhões de pares, 4,7% a mais do que no mesmo período do ano passado

A inflação mundial, a escalada dos juros norte-americanos e o endividamento crescente das famílias brasileiras devem ter impacto no crescimento do setor calçadista no próximo ano. Em 2022, o crescimento deve ser na faixa de 3,9% na produção, enquanto em 2023 o incremento deve ser mais tímido, na faixa de 1,6%. Esses e outros dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) por meio da coordenadora de inteligência de mercado da entidade, Priscila Linck, e do doutor em economia e consultor setorial Marcos Lélis.

Lélis destacou que a inflação mundial, impulsionada pelos problemas logísticos pós-Covid 19 e agora pelo conflito no Leste Europeu, somada ao desaquecimento de grandes economias mundiais, caso dos Estados Unidos e da Zona do Euro, devem ser determinantes para a menor dinâmica de crescimento para o setor calçadista em 2023. "Na tentativa do controle inflacionário, também assistimos os Estados Unidos aumentarem os juros, o que tem impacto no câmbio", comentou. Segundo ele, no cenário de desaquecimento da economia mundial, as previsões de crescimento para o PIB do mundo do ano que vem estão sendo revistas para baixo. "Em 2023, o mundo deve crescer apenas 2,7%, pior resultado nos últimos três anos", destacou.

Ele ressaltou, ainda, que a economia brasileira acompanha a dinâmica mundial e que vem em desaceleração já nos últimos meses de 2022. "No Brasil, se somam aos problemas macroeconômicos, o endividamento das famílias, que está em 80%, número recorde. Isso tem impacto direto no consumo, já que as pessoas optam por consumir o básico para subsistência", avaliou, ressaltando que hoje a cesta básica consome 59% do valor do salário mínimo, bem acima do patamar histórico. "Em 2018, o salário mínimo consumia 47% do salário", recordou. Na tentativa de conter a inflação brasileira, a alta dos juros também é uma realidade com impacto importante nos investimentos. Atualmente com uma inflação acumulada de 6,4% nos últimos 12 meses, o Banco Central vem aumentando a Selic. "O Brasil tem a maior taxa de juros entre os países do G20, com exceção da Argentina. Para 2022, devemos fechar com uma taxa de 13,75%, ao passo que em 2023 não devemos notar grande redução, encerrando na casa de 11,25%", projetou. Com isso, segundo o consultor, o PIB brasileiro deve crescer 2,76% no ano corrente e apenas 0,68% em 2023.

Priscila Linck apontou a perspectiva para o setor calçadista. "Aqui, somam-se aos problemas econômicos já listados, a queda da importação dos Estados Unidos, a crise argentina e a retomada das exportações chinesas, que têm impacto nos nossos principais mercados para calçados", listou. Segundo ela, entre janeiro e setembro deste ano, a produção de calçados alcançou 621 milhões de pares, 4,7% a mais do que no mesmo período do ano passado. A dinâmica de crescimento, no entanto, tem arrefecido nos últimos meses do ano. Para 2022, a economista projeta um crescimento de 3,9% na produção de calçados, fechando o ano com 851 milhões de pares produzidos. Já para 2023, a previsão é de um crescimento mais tímido, de 1,6%. "Manteremos uma tendência de crescimento acima dos outros setores econômicos. O PIB brasileiro de 2023 deve crescer 0,7%, então temos o dobro de crescimento", projetou Priscila. O reflexo do avanço do setor em 2022 se deu diretamente no aumento do nível de emprego. Entre janeiro e setembro, a atividade gerou 44 mil novos postos de trabalho, encerrando o período com mais de 310 mil pessoas empregadas diretamente, o melhor registro em sete anos.

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Sexta, 22 Novembro 2024

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