Produção industrial volta a crescer no Rio Grande do Sul
A Sondagem Industrial do Rio Grande do Sul, divulgada nesta quinta-feira (4) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), revela que, após seis meses entre estabilidades e quedas, a produção industrial voltou a crescer em março. Em um total de cem pontos, o índice de produção atingiu 54,6, valor acima da média histórica de 51,5 do mês, indicando um ritmo mais intenso do que a sazonalidade sugere. Em contrapartida, não houve geração de emprego, que caiu pelo sexto mês consecutivo. O índice do número de empregados continua abaixo de 50 pontos, mas ao atingir 49,6, o maior valor dos últimos seis meses, indica a queda menos intensa do período. "Apesar do resultado, a indefinição do cenário econômico no País provoca apreensão nos industriais e deixa o setor cauteloso em relação a investimentos para os próximos meses", diz o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.
A utilização da capacidade instalada (UCI) cresceu de 69%, em fevereiro, para 71%, em março, percentual próximo do grau médio histórico do mês (70,8%). Já o índice de UCI em relação a usual subiu de 41,8 para 45,1 pontos no período. Está abaixo do normal em março, mas mais perto do nível de UCI usual, determinado pelos 50 pontos. Já nos estoques, o índice de produtos finais em relação ao planejado registrou 53,3 pontos, mesmo valor de fevereiro, com um nível maior do que o previsto pelas empresas. Neste caso específico, valores superiores a 50 representam acúmulo de estoques.
Trimestre
A Sondagem Industrial traz também aqueles que são apontados como os maiores entraves enfrentados pelo setor no período entre janeiro e março de 2023. O principal problema é a volta da demanda interna insuficiente ao topo do ranking, posto que não ocupava desde o segundo trimestre de 2019. Aumentou de 30,8% das empresas, no quarto trimestre de 2022, para 45,5%, no atual. Com 33,3% das respostas, a taxa de juros elevada passou de terceiro maior entrave no trimestre anterior (29,7%) para segundo nos primeiros três meses de 2023. A elevada carga tributária, principal obstáculo no período anterior, com 34,1%, foi assinalada por 28,6% das empresas, caindo para a terceira posição.
Ainda dentro do primeiro trimestre de 2023, os empresários revelaram que as condições financeiras das empresas se deterioraram. O índice de situação financeira recuou de 52,9 pontos no último trimestre de 2022, para 49,7, enquanto o da margem de lucro caiu de 47,9 para 43,6 pontos, ambos registrando os piores resultados desde o primeiro trimestre do ano passado. Quanto menor for o valor entre zero e cem pontos, maior e mais disseminada é a percepção negativa. Paralelamente, as empresas têm mostrado cada vez mais dificuldade para acessar o crédito, com o índice, que já vinha cedendo nos últimos dois trimestres, intensificando a queda em março (-4,8 pontos), para 35,7. É o menor patamar desde o segundo trimestre de 2020. Já em relação ao preço das matérias-primas, o índice do preço médio ficou em 55,9 pontos, indicando aumento de preços, mas praticamente no mesmo ritmo entre outubro e dezembro de 2022 (55 pontos).
Para os próximos seis meses, a Sondagem Industrial da Fiergs aponta que os empresários esperam crescimento da demanda, tendo o índice subido de 51,4, em março, para 52 pontos na pesquisa realizada entre 1º e 13 de abril com 189 empresas – 47 pequenas, 61 médias e 81 grandes. Mas projeta quedas do emprego, de 50,7 para 49,3 pontos, das compras de matérias-primas, de 52 para 49,5, e das exportações, 51 para 49,2. A disposição da indústria gaúcha de investir, pouco se alterou entre março e abril. O índice de intenção subiu de 52,3 para 52,9 pontos no período, ficando acima da média histórica (51,2). Pouco mais da metade das empresas (54,5%) pretendem realizar investimentos nos próximos seis meses.
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