Falta de garrafas engargala avanço do setor vinícola brasileiro
Vivendo um de seus melhores momentos na história do país, o setor vitivinícola brasileiro esbarra em uma barreira antiga, mas que diante do aumento do consumo de vinhos durante a pandemia se agravou, comprometendo as vendas e prejudicando tanto a indústria quanto o consumidor. A falta de garrafas de vidro está impedindo que grande parte das vinícolas cumpram suas entregas e até mesmo consigam envasar bebidas que estão prontas para o varejo.
Por essa razão, a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) tem atuado na busca de investidores com a intenção de trazer para o Rio Grande do Sul, onde se concentra 90% da produção nacional, uma nova fábrica de vasilhames. A primeira reunião ocorreu com um grupo de empresas que têm interesse no investimento na Serra Gaúcha, diante da existência de dutos de gás na região e da facilidade logística por estar junto ao maior polo de produção vitivinícola do Brasil.
Agora, a Uvibra vai trabalhar para levantar dados precisos sobre demanda, por exemplo, para dar andamento às tratativas. Da Uvibra, participaram do encontro o presidente Deunir Argenta, além de Danilo Cavagni e Hermínio Ficagna. Representando as empresas, Edson Rossi da Vidroporto e Renato Massara, da Wheaton, ambas de São Paulo, e Mauro Martini da gaúcha Lavras Mineral. Na próxima semana o grupo, juntamente com representantes do governo estadual, terá um encontro com um fundo de investimentos norte-americano.
"O problema é sério. Mesmo quando o setor estava estagnado já faltavam garrafas. Chegou 2020, um ano adverso. No início, a pandemia trouxe a insegurança do que estava por vir. Tivemos a melhor safra de todos os tempos e, depois, favorecidos por diversos fatores, vimos o consumo dos vinhos nacionais despontar. E mesmo sabendo que este problema continuará, já fomos informados de que 2021 inicia com aumento no preço dos vasilhames, além de saber que a demanda continuará não sendo 100% atendida. Ou seja, dinheiro não resolve o problema", lamenta Argenta. Ele lembra que a prioridade dos fornecedores é o setor cervejeiro, onde estão concentrados os grandes volumes.
Enquanto isso, as vinícolas brasileiras se obrigam a importar garrafas da Argentina e do Chile, aumentando o custo final do produto em razão da alta do dólar, do frete em razão do distanciamento, além da demora na entrega. Mesmo o assunto avançando e tendo definições rápidas e satisfatórias, tanto burocráticas quanto operacionais, uma nova fábrica de garrafas de vidro levaria cerca de dois anos para ser construída e entrar em operação.
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Comentários: 1
Penso que uma solução mais rápida, e talvez menos dispendiosa, seria a de que as vinícolas patrocinassem uma campanha de conscientização dos consumidores. A campanha atingiria principalmente aqueles que costumam degustar com certa frequência vinhos e espumantes. O pedido seria fazer com que não jogassem no lixo (mesmo que naquele reciclável) as garrafas de vidro e, além disso, que os mesmos pudessem ser recompensados com algum benefício (algum brinde, quiçá, vinhos ou espumantes) na troca de tais vasilhames, os quais seriam entregues junto às lojas especializadas ou mesmo supermercados e de onde as vinícolas pudessem recolher as mesmas.