Economia catarinense deve crescer até 1,5% no próximo ano

Indústria puxa retomada da atividade econômica pós-pandemia, nota Fiesc
Mario Cezar de Aguiar acredita que a reforma tributária deverá ser votada no próximo ano

O otimismo tomou conta da tradicional coletiva com o balanço de 2021 e perspectivas para 2022 da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) nesta terça-feira (14). O presidente Mario Cezar de Aguiar aposta que o PIB catarinense deve avançar 1,5%, no mínimo, no próximo ano – bem acima do Brasil, cujo cenário deverá ser de estagnação. No encontro com a imprensa, Aguiar projetou que as indústrias automotiva, eletroeletrônica, fundição e metalmecânica terão destaque em 2022 graças ao retorno das economias no exterior. "Estamos crentes que a economia de Santa Catarina será melhor que a do Brasil no próximo ano", declarou.

Uma das principais barreiras, no entanto, será uma possível restrição da demanda, tendo em vista o aumento dos juros básicos pelo Banco Central. Para o assessor econômico da Fiesc e professor Pablo Bittencourt, a Selic poderá alcançar o nível de até 12% em março se mantendo nesse patamar por um período de quatro reuniões do Comitê de Política Monetária, o Copom. "O desafio, para quem depender do mercado interno, será a demanda mais restrita, ainda que os custos, em compensação, tendem a seguir uma curva descendente", afirmou, alertando, ainda que uma quarta onda da pandemia poderá alterar esse quadro.

O presidente da Fiesc também acredita que a reforma tributária deverá ser votada no próximo ano. Segundo ele, tão logo o projeto seja liberado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, levará a pauta para o plenário. "Não é a reforma dos sonhos, mas a possível. Se ela for aprovada, também ajudará a fazer com que o câmbio fique mais favorável", argumentou.

Aguiar também se mostrou preocupado com o investimento recente do governo do Paraná no modal portuário. Segundo ele, Santa Catarina poderá perder competitividade se empresas optarem pelo Porto de Paranaguá para escoarem seus produtos. Segundo cálculos da federação, cada contêiner, independentemente do que carregue, deixa US$ 1200 (cerca de R$ 7 mil) na economia catarinense.

A decisão do Ministério da Infraestrutura em assinar, na semana passada, a autorização para a construção e a operação da ferrovia entre Chapecó, no oeste de Santa Catarina, e Cascavel, no Paraná, também foi tema do encontro. A opção pela linha férrea reduzirá em 30% o custo do transporte de insumos, como milho e soja. Santa Catarina necessita de 7 milhões de toneladas de milho por ano e importa 5 milhões de outras regiões do país e do exterior. "Esse empreendimento trará facilidades para o porto paranaense. Haverá um prejuízo nesse aspecto, mas não podemos ser contrários a uma demanda importante da região oeste, forte no agronegócio", ponderou.

Retomada do crescimento
A indústria contribuiu de forma significativa para a retomada do crescimento da economia catarinense no período pós-pandemia. Com o parque industrial mais diversificado do país, o estado retomou o Índice de Atividade Econômica (IBC) a patamares anteriores à Covid-19 cinco meses antes da média nacional. Entre maio de 2020 e setembro de 2021, o IBC registrou um crescimento médio de 0,9% ao mês no estado, a terceira maior alta do país no período. O dado foi apresentado pelo

Em 2021, a indústria catarinense registrou o maior crescimento percentual entre os estados do país. De janeiro a outubro, a produção industrial do estado avançou 13,8%, na comparação com o mesmo período de 2020. Entre os setores industriais, a maior alta foi registrada na Metalurgia (55,4%), impulsionada pelo desempenho da Construção civil. Na sequência, os setores de Veículos automotores (45%) e Máquinas e equipamentos (28,7%) também apresentaram bom desempenho, puxados sobretudo pela demanda externa. Destaque também para os setores beneficiados pela retomada das atividades presenciais e da circulação de pessoas nos centros urbanos – algo que foi possível graças ao avanço da vacinação. Entre estes, Vestuário e acessórios e Produtos têxteis, com crescimentos de 22,6% e 20,7%, respectivamente.

A retomada da produção industrial também foi impulsionada pelas exportações. De janeiro a novembro de 2021, Santa Catarina vendeu para o exterior US$ 9,4 bilhões, um crescimento de 25,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A corrente de comércio com os Estados Unidos teve um papel importante nesse desempenho – o país foi o principal destino dos embarques catarinenses em 2021, com US$ 1,7 bilhão comprados do estado, alta de 42,8% frente ao mesmo período do ano anterior.

Intenção de investir é maior que a média nacional
Apesar dos desafios projetados para a economia no próximo ano, o industrial catarinense se mantém confiante e com planos de investimento para 2022. De acordo com dados da Sondagem Industrial, a intenção de investir para os próximos seis meses em Santa Catarina bateu 67,7 pontos em novembro frente 58,4 pontos da média nacional.

Para 2022, há uma perspectiva de crescimento, porém mais moderado do que neste ano. A análise decorre do fato de que há desafios pela frente, como a persistência da inflação, que corrói o poder de compra das famílias, e a alta da taxa básica de juros como ferramenta para conter a escalada dos preços. O aumento da Selic encarece o crédito para pessoas físicas e empresas, o que pode limitar a capacidade de investimento e crescimento da economia.

Entre os fatores positivos que colaboram para a aposta na expansão estão as oportunidades no mercado externo, com projeções positivas para o crescimento do PIB dos países que são os maiores parceiros comerciais do Santa Catarina. Os Estados Unidos, que são o principal destino das exportações industriais catarinenses, têm uma perspectiva de crescimento do PIB de até 5,2%, por exemplo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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