Sob neblina, use luz baixa

É hora de mostrarmos atitude e coragem, assumindo o protagonismo na construção do novo normal
“É compulsório mudar totalmente o mindset. Paradigmas e premissas que levaram ao sucesso de hoje podem não servir mais neste novo contexto”, alerta Roberto Ribas

Estamos vivendo um momento histórico de crise. Ou, como alguns chamam, uma situação de guerra. A imensa maioria das pessoas nunca passou por uma situação desse tipo. Além de nos adaptarmos aos impactos que o distanciamento social nos impõe, buscamos respostas para o horizonte próximo. Baseamo-nos em cenários e previsões para tomar decisões importantes sobre nossos negócios e nossas vidas pessoais.

Contudo, o ineditismo do momento agregado à complexidade e à volatilidade dos nossos tempos tornam qualquer tentativa de visão de futuro um exercício de adivinhação. E não é por falta de dados ou informação. Há uma enxurrada de relatórios e projeções feitos sob todos os ângulos e aspectos. Podemos olhar para reports econômicos, análises sobre mudanças no comportamento de consumo, cenários projetando os impactos sociais e tendências tecnológicas. Também, podemos olhar para episódios do passado e buscar neles referências de iniciativas que foram decisivas à época. Ainda, podemos juntar tudo isso e bater no liquidificador. Mesmo assim, nada disso nos trará certezas sobre o que está por vir.

Precisamos nos conscientizar de que estamos percorrendo uma estrada desconhecida sob a incidência de uma forte neblina – e não adianta nada ligarmos luz alta para enxergar mais adiante. Não podemos investir todo o nosso tempo na tentativa de entender o que vai acontecer. Muito pelo contrário: temos de ajustar o foco, aguçar nossos sentidos e prestar muita atenção em tudo.

Porém, não é pela dificuldade de enxergar mais adiante que devemos esperar. É hora de mostrarmos atitude e coragem, assumindo o protagonismo na construção do novo normal. Trazendo uma comparação: cabe a nós ter o olho firme na estrada e colocar o pé no acelerador, sem negligenciar a segurança.

Temos de aproveitar todas as oportunidades que um momento de crise nos proporciona. Para isso, é compulsório mudar totalmente o mindset. Paradigmas e premissas que levaram ao sucesso de hoje podem não servir mais neste novo contexto. Tudo o que você aprendeu até aqui é muito importante e o diferencia dos demais. Mas, infelizmente, pode não ser o suficiente. Então, vamos focar na real e verdadeira entrega de valor – e, acima de tudo, sermos digitais.

Sermos digitais e entendermos as pessoas para entregar aquilo que precisam ou desejam. Isso pode até parecer óbvio e simples. No entanto, vivemos em um mundo em constante transformação. As expectativas de ontem são modificadas com uma velocidade ultrassônica, e tudo aquilo que imaginamos ser importante para as comunidades em torno da marca que estamos construindo já pode ser nada mais do que o básico. Por isso, a relevância de desenvolvermos plataformas que nos permitam captar todas as informações geradas em cada interação com as pessoas e nos proporcionem aprendizado constante.

Sermos digitais e trabalharmos de forma colaborativa e distribuída. O trabalho remoto já era realidade para muitos, mas há uma diferença grande entre ter pessoas em home office eventualmente e manter a operação funcionando com todos os colaboradores remotos simultaneamente por tanto tempo. Todos nós fomos moldados a cumprir horários e estar presentes fisicamente em nossos escritórios. Por isso, temos de desconstruir esse pensamento e promover uma nova cultura, estimulando o comportamento colaborativo e desenvolvendo um ambiente que conecte os times, mesmo que estejam em locais diferentes.

Sermos digitais e não termos medo do erro. Não podemos controlar todas as variáveis postas sobre a mesa. Aliás, sequer conhecemos todas elas. Portanto, precisamos de coragem numa missão fundamental: saber errar para testar rapidamente e corrigir com ainda mais velocidade. E mais: evoluir a partir de um pensamento orientado na construção do novo. Como diria Simon Sinek: "líderes com pensamento infinito acordam todos os dias e dizem como podemos tornar nossa empresa uma versão melhor de si mesma hoje do que era ontem e como criar um produto esta semana melhor do que o produto que criamos na semana passada".

Esse deve ser um desafio diário, enquanto navegamos pela complexidade da transformação digital e encaramos suas mudanças gigantescas. Tudo com agilidade, enquanto aprendemos com os insights que recebemos continuamente. Enquanto esta crise durar, todos nós devemos olhar para frente e estar mobilizados em colar na curva de retomada. E se ela não for de subida, que então a faremos ser!

*Chief Strategy Officer (CSO) da BriviaDez

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Quarta, 11 Dezembro 2024

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