Sob neblina, use luz baixa
Estamos vivendo um momento histórico de crise. Ou, como alguns chamam, uma situação de guerra. A imensa maioria das pessoas nunca passou por uma situação desse tipo. Além de nos adaptarmos aos impactos que o distanciamento social nos impõe, buscamos respostas para o horizonte próximo. Baseamo-nos em cenários e previsões para tomar decisões importantes sobre nossos negócios e nossas vidas pessoais.
Contudo, o ineditismo do momento agregado à complexidade e à volatilidade dos nossos tempos tornam qualquer tentativa de visão de futuro um exercício de adivinhação. E não é por falta de dados ou informação. Há uma enxurrada de relatórios e projeções feitos sob todos os ângulos e aspectos. Podemos olhar para reports econômicos, análises sobre mudanças no comportamento de consumo, cenários projetando os impactos sociais e tendências tecnológicas. Também, podemos olhar para episódios do passado e buscar neles referências de iniciativas que foram decisivas à época. Ainda, podemos juntar tudo isso e bater no liquidificador. Mesmo assim, nada disso nos trará certezas sobre o que está por vir.
Precisamos nos conscientizar de que estamos percorrendo uma estrada desconhecida sob a incidência de uma forte neblina – e não adianta nada ligarmos luz alta para enxergar mais adiante. Não podemos investir todo o nosso tempo na tentativa de entender o que vai acontecer. Muito pelo contrário: temos de ajustar o foco, aguçar nossos sentidos e prestar muita atenção em tudo.
Porém, não é pela dificuldade de enxergar mais adiante que devemos esperar. É hora de mostrarmos atitude e coragem, assumindo o protagonismo na construção do novo normal. Trazendo uma comparação: cabe a nós ter o olho firme na estrada e colocar o pé no acelerador, sem negligenciar a segurança.
Temos de aproveitar todas as oportunidades que um momento de crise nos proporciona. Para isso, é compulsório mudar totalmente o mindset. Paradigmas e premissas que levaram ao sucesso de hoje podem não servir mais neste novo contexto. Tudo o que você aprendeu até aqui é muito importante e o diferencia dos demais. Mas, infelizmente, pode não ser o suficiente. Então, vamos focar na real e verdadeira entrega de valor – e, acima de tudo, sermos digitais.
Sermos digitais e entendermos as pessoas para entregar aquilo que precisam ou desejam. Isso pode até parecer óbvio e simples. No entanto, vivemos em um mundo em constante transformação. As expectativas de ontem são modificadas com uma velocidade ultrassônica, e tudo aquilo que imaginamos ser importante para as comunidades em torno da marca que estamos construindo já pode ser nada mais do que o básico. Por isso, a relevância de desenvolvermos plataformas que nos permitam captar todas as informações geradas em cada interação com as pessoas e nos proporcionem aprendizado constante.
Sermos digitais e trabalharmos de forma colaborativa e distribuída. O trabalho remoto já era realidade para muitos, mas há uma diferença grande entre ter pessoas em home office eventualmente e manter a operação funcionando com todos os colaboradores remotos simultaneamente por tanto tempo. Todos nós fomos moldados a cumprir horários e estar presentes fisicamente em nossos escritórios. Por isso, temos de desconstruir esse pensamento e promover uma nova cultura, estimulando o comportamento colaborativo e desenvolvendo um ambiente que conecte os times, mesmo que estejam em locais diferentes.
Sermos digitais e não termos medo do erro. Não podemos controlar todas as variáveis postas sobre a mesa. Aliás, sequer conhecemos todas elas. Portanto, precisamos de coragem numa missão fundamental: saber errar para testar rapidamente e corrigir com ainda mais velocidade. E mais: evoluir a partir de um pensamento orientado na construção do novo. Como diria Simon Sinek: "líderes com pensamento infinito acordam todos os dias e dizem como podemos tornar nossa empresa uma versão melhor de si mesma hoje do que era ontem e como criar um produto esta semana melhor do que o produto que criamos na semana passada".
Esse deve ser um desafio diário, enquanto navegamos pela complexidade da transformação digital e encaramos suas mudanças gigantescas. Tudo com agilidade, enquanto aprendemos com os insights que recebemos continuamente. Enquanto esta crise durar, todos nós devemos olhar para frente e estar mobilizados em colar na curva de retomada. E se ela não for de subida, que então a faremos ser!
*Chief Strategy Officer (CSO) da BriviaDez
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