A Gerdau mostra o caminho
Em janeiro, a grande vencedora desta edição do ranking Campeãs de Inovação lançou uma iniciativa que tem a ambição de oferecer novas soluções para a indústria da construção civil. A novidade, batizada de Gerdau Design, foi concebida com a pretensão de aumentar a produtividade da indústria de construção civil brasileira por meio de tecnologias aplicadas no canteiro de obras e em sistemas construtivos pré-fabricados. Da construção ao pós-obra, a Gerdau Design pensará nas melhores soluções estruturais em cada fase do projeto para incrementar a eficiência da obra, embalando em seu mix um serviço exclusivo de consultoria para os clientes.
Este lançamento é apenas um dos trunfos que guindaram a Gerdau ao primeiro lugar na 18ª edição da pesquisa de AMANHÃ e IXL-Center. Além de promover o aperfeiçoamento dos processos de produção, reduzindo custos, aumentando a eficiência e ganhando competitividade no mercado, a multinacional centenária fundada em Porto Alegre no final do século XIX procura se antecipar às necessidades do mercado, criando e potencializando propostas de valor que garantam a satisfação e fidelização dos clientes. Nos últimos anos, a organização tem investido cerca de R$ 1,5 bilhão, ou 2% de sua receita total, em inovação e iniciativas digitais voltadas para diversas frentes do negócio.
"A jornada da digitalização acompanha a evolução da transformação cultural da empresa, que resultou no desenvolvimento de novos comportamentos e de novas formas de trabalhar, sem "silos", contextualiza Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. Ele reporta, ainda, a introdução de um modelo mental de agilidade entre os colaboradores, que passaram a priorizar ferramentas de tecnologia e o uso inteligente de dados. A digitalização de processos e operações – levada a cabo em 2020 – foi uma ferramenta relevante para reforçar a competitividade das operações. A recente migração dos funcionários para o home office também teve papel fundamental. Por meio de workplace virtual e soluções em nuvem, ressalta Werneck, a Gerdau ganhou mais agilidade e flexibilidade. "Outra iniciativa importante foi a maior utilização dos canais digitais da companhia pelos clientes, como o eGerdau, cotações online e colocação de ordens", orgulha-se Werneck, dando conta da importância da transformação digital pela qual a gigante do aço teve de passar.
A Inteligência Artificial e uso de dados realmente estão modificando a Gerdau. Nos últimos anos, a opção pelo digital fez, no entender dos gestores, com que a empresa abandonasse a fase "be digital" para migrar para o "go digital". "Na prática, conectamos pessoas, máquinas e processos, reduzindo distâncias e construindo redes vivas de relacionamento. Trata-se de uma visão de que o digital deixou de ser algo isolado para ser visto como parte do negócio", explica Gustavo França, líder de digital e TI da Gerdau, empresa que, além de ser a grande campeã da classificação geral, também figura em primeiro lugar no setor Siderurgia e Mineração no ranking Campeãs da Inovação.
O SMDO, sistema de monitoramento e diagnóstico online, é um dos emblemas desta mudança. Trata-se de uma plataforma que executa funções referentes a prognósticos e diagnósticos de falhas em equipamentos e processos industriais, além do suporte aos procedimentos de manutenção. O sistema fica em um ambiente centralizado de monitoramento de 700 ativos críticos em todas as unidades do Brasil e também da Argentina, com base em softwares preditivos, que contam com o suporte de uma equipe de especialistas. Desse modo, é possível identificar antecipadamente falhas, minimizando os custos de manutenção e perdas de produção, com a consequente redução da exposição de funcionários a riscos.
Já o Meltdown é um modelo de inteligência artificial para otimizar o consumo de energia nos fornos de aciaria das usinas. Os dados são tratados em um centro de monitoramento inteligente, em Belo Horizonte (MG), que envia aos operadores as informações necessárias para melhorar a eficiência energética dos fornos, reduzindo o consumo de energia, das emissões de CO₂ e os custos da produção de aço. O grupo trabalha com uma solução de inteligência artificial para operação de todos os fornos da operação de negócio da América do Norte, com mais de R$ 37 milhões em redução do consumo de eletrodos e energia, por exemplo. A companhia tem ainda um centro de monitoramento e serviços remotos, também localizado na capital mineira, com foco em big data, altos níveis de precisão, acuracidade e melhoria contínua dos processos. O centro de monitoramento, parceria entre Gerdau e Primetals, é composto por equipe multidisciplinar – como metalúrgicos, engenheiros de automação e cientistas de dados. O local e é usado para treinamento, assistência remota aos usuários e como um hub para investigar áreas potenciais para melhorias nos processos.
Novos negócios
A Gerdau valoriza cada vez iniciativas de intraempreendedorismo – quando novos negócios são criados dentro de casa. A Gerdau Next exemplifica bem esta postura. Sob seu guarda-chuva, surgiu em 2018 a G2L, uma operadora logística, que atua por meio de uma plataforma digital na qual é possível contratar fretes mais competitivos tanto para a própria empresa quanto para clientes e parceiros. A origem da novidade foi um grupo de funcionários que, na melhor postura intraempreendedora, buscava diferenciais competitivos para o transporte rodoviário. O resultado foi melhor que o esperado: a companhia já quadruplicou sua operação desde 2019, alcançando transporte mensal de 223 mil toneladas em 2020, 23 filiais e 33 clientes nos setores de siderurgia, papel e celulose, construção, varejo, agrícola e refrigerados. São 39 mil motoristas cadastrados, mais de 2500 cidades atendidas e 312 caminhões até dezembro de 2021.
A G2Base, que também faz parte do portfólio de empresas da Gerdau Next, teve o início das operações no ano passado e ganhou vida na Gerdau seguindo a mesma trilha da G2L. A G2Base é uma construtech que industrializa a cadeia da fundação em aço e centraliza todo o processo – da matéria-prima à execução –, reduzindo custos, prazos e desperdício e aumentando segurança, produtividade e sustentabilidade. O grande diferencial é que toda a gestão da fundação fica sob sua responsabilidade: do fornecimento dos perfis estruturais ao serviço de execução, o cliente recebe a fundação pronta. "A solução completa aumenta a produtividade em até 40% e reduz desperdícios no canteiro de obras. A tecnologia desenvolvida pela empresa permite a automatização de processos com informações online em tempo real e garante mais velocidade, segurança e aproveitamento máximo de recursos e logística", destaca Juliano Prado, vice-presidente da Gerdau.
Atualmente, a Gerdau Next possui três linhas verticais de atuação estratégica: construção civil, sustentabilidade e mobilidade. Já são onze empresas no portfólio, entre próprias e joint-ventures. Uma das três mais importantes é a Juntos Somos Mais, startup com o maior ecossistema do varejo da construção e que tem como acionistas Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre). A segunda se chama Brasil ao Cubo. É uma construtech de construção off-site. Por este conceito, a obra não acontece no terreno, mas dentro de um parque fabril, com maior controle de processos e materiais, o que possibilita obras até quatro vezes mais rápidas. A terceira empresa, neste pódio da Gerdau Next, é a Gerdau Graphene, que desenvolve e comercializa produtos com a aplicação de grafeno. Estas três companhias, somadas à G2Base e à G2L, compõem o que se pode chamar de Top 5 do grupo de empresas Gerdau Next. O grafeno, aliás, é a mais nova aposta da multinacional do aço. A Gerdau Graphene começou suas operações em abril 2021 e mira objetivos arrojados. "A inovação promovida pelo material em diferentes segmentos não visa a substituir o aço, mas constitui um novo nicho de atuação. O grafeno é um material completamente novo, o mais fino e mais forte que existe, excelente condutor de eletricidade e calor, altamente flexível e tão denso que nem o menor átomo de gás o atravessa", explica Prado, com entusiasmo.
Na Gerdau Graphene, as aplicações do material são definidas de acordo com cinco grandes áreas: produtos para construção civil, polímeros (termoplásticos e plásticos termofixos), lubrificantes, óleos e graxas, elastômeros e tintas. Além disso, há dois segmentos especiais desenvolvidos em parcerias com clientes: baterias e rolamentos.
A Gerdau Graphene possui um posto avançado no Centro de Inovação de Engenharia de Grafeno (GEIC, da sigla em inglês) da Universidade de Manchester, no Reino Unido. Ali, a empresa se conecta ao coração global da pesquisa em grafeno, fonte constante de inovação, e o mais importante polo tecnológico para a pesquisa do material. No laboratório, protótipos são testados com agilidade e segurança em todas as etapas. Em fevereiro, foi lançado o Centro de Materiais Avançados em Grafeno e Novas Aplicações Tecnológicas do IPT (CIGraph), em parceria com a Gerdau Graphene. O centro, que fica dentro do campus do IPT em São Paulo, tem o objetivo de desenvolver novas aplicações de grafeno que sejam facilmente incorporadas a processos industriais atuais. No início de 2022, a Gerdau Graphene assinou um contrato de parceria com a unidade EM-BRAPII SENAI/SP – Materiais Avançados para o desenvolvimento de um composto plástico especial com grafeno em resinas termoplásticas. Instalada dentro do Senai Mario Amato, em São Bernardo do Campo (SP), a unidade compõe um centro voltado a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação para materiais avançados, credenciado pela Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) e tido como referência no estado de São Paulo. Como se nota, é possível desbravar novos negócios fora do alcance do core business – e a inovação é o pilar fundamental para dar conta dessa importante tarefa. A Gerdau já mostrou o caminho.
Esse conteúdo integra a edição 340 da revista AMANHÃ, publicação do Grupo AMANHÃ, que trouxe os resultados da 18ª edição do ranking Campeãs da Inovação. Clique aqui para acessar a publicação on-line, mediante pequeno cadastro.
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