A dispersão é um risco para as empresas familiares

Os desafios da sobrevivência incluem investimentos em tecnologia, comunicação e sucessão
Viviane alerta que a dispersão familiar é um fenômeno natural quando as gerações mais jovens se distanciam do negócio, seja por falta de interesse, preparo ou oportunidades

As empresas familiares são a espinha dorsal da economia brasileira, representando 90% dos negócios e 75% dos empregos, conforme dados recentes do IBGE, divulgados em abril. No entanto, um dado alarmante persiste: apenas 30% dessas empresas chegam à terceira geração. Se, por um lado, a força das empresas familiares é inegável, por outro, a fragilidade na sucessão e a lenta adaptação à transformação digital revelam desafios urgentes que precisam ser enfrentados para garantir a longevidade desses negócios. Viviane Doelman, sócia-diretora da 3G Governança, observa que o maior desafio das famílias empresárias em 2025 não está apenas na manutenção dos negócios, mas na capacidade de evoluir, evitar a dispersão dos herdeiros e adotar práticas modernas de governança e tecnologia.

Viviane alerta que a dispersão familiar é um fenômeno natural quando as gerações mais jovens se distanciam do negócio, seja por falta de interesse, preparo ou oportunidades. "Com o tempo, a família perde o ponto de encontro que era a empresa. Os laços se enfraquecem, os herdeiros tornam-se apenas acionistas distantes e a identidade construída em torno do negócio se dilui", explica. Para ela, manter a família próxima da empresa é estratégico: "Além do aspecto financeiro, a imagem da família permanece associada ao negócio, e isso fortalece tanto a empresa quanto o legado familiar."

Segundo Viviane, a profissionalização é uma questão de sobrevivência. "Não basta ser uma empresa familiar; é preciso ser uma família empresária, com maturidade para lidar com a complexidade das relações e dos negócios. Isso exige governança moderna, com papéis bem definidos entre gestão e patrimônio", afirma. Ela destaca que a proximidade dos familiares com o negócio permite uma melhor compreensão dos números, dos riscos e das oportunidades, criando um ambiente propício para decisões estratégicas e para o desenvolvimento de novos projetos.

A especialista ressalta que a inovação e a adoção de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA) são fatores decisivos para a longevidade das empresas familiares. "A inovação, o repensar o negócio, deixou de ser diferencial para se tornar requisito básico. Empresas que investem em inovação, que se conectam com o mercado e suas novas demandas conseguem não só otimizar processos, mas também engajar as novas gerações, que buscam ambientes dinâmicos e conectados", analisa. Segundo ela, a performance dos conselhos e da gestão é potencializada quando a família entende o valor da mudança e da adaptabilidade como alavanca de competitividade.

Engajamento das novas gerações: o antídoto contra a dispersão
Outro desafio apontado por Viviane é o engajamento das novas gerações. "A convivência saudável entre gerações favorece a preparação dos mais jovens, compartilhando experiências e prevenindo conflitos. Quando a família se afasta, perde-se a oportunidade de formar sucessores qualificados e comprometidos", alerta. Ela defende que a comunicação aberta e a valorização do propósito comum são fundamentais para manter o interesse dos herdeiros e evitar que a empresa se torne apenas mais um ativo financeiro. "Famílias que conseguem evoluir e inovar, sem perder sua essência, têm mais chances de perpetuar seu legado e prosperar em um cenário cada vez mais desafiador", diz Viviane, ao alinhar algumas providências essenciais que os gestores de empresas familiares devem liderar. Confira a seguir.

  • Investir em governança moderna e profissionalização, separando claramente gestão e patrimônio;
  • Planejar a sucessão com antecedência, preparando as novas gerações para diferentes papéis;
  • Adotar inovações, como inteligência artificial, para manter a competitividade e atrair talentos;
  • Manter canais de comunicação abertos e fortalecer o propósito familiar;
  • Evitar a dispersão, promovendo a coesão e o engajamento entre os membros da família.

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Quarta, 18 Junho 2025

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