Souza Cruz encerra produção de cigarros em unidade do Sul
A Souza Cruz anunciou nesta quinta-feira (4) que irá encerrar a produção de cigarros na unidade de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Segundo a empresa, a decisão é ''resultado da imposição de sucessivos aumentos de impostos para o setor, principalmente IPI e ICMS'', além do aumento do volume de produtos contrabandeados no mercado. Serão demitidos 190 funcionários.
De acordo com a Souza Cruz, a elevação da carga tributária chegará a valer 80% de cada maço, o que obrigaria o aumento do valor de venda dos produtos e, consequentemente, acarretaria perda de espaço para a mercadoria ilegal. Dados divulgados pela a companhia, revelam que o contrabando chega a ocupar 43,3% do mercado de cigarros no Rio Grande do Sul e 52,8% no Paraná. Entre 2011 e 2014, o volume contrabandeado chegou a 9,3 bilhões de cigarros no país salto de 39,4% no período – equivalente a cerca de 75% da produção anual da fábrica de Cachoeirinha.
"É pelo agravamento deste quadro que a Souza Cruz se viu forçada a tomar atitudes que sempre tentou evitar, como o encerramento das atividades da fábrica de Cachoeirinha", afirmou a empresa em nota. Ela acrescenta ainda que “envidou todos os esforços possíveis no diálogo com o poder público, em busca de uma alternativa que evitasse medida tão drástica como o encerramento das atividades da fábrica. Infelizmente, as razões apresentadas não foram suficientes para conter mais uma onda de elevação da carga tributária, que só virá a beneficiar o mercado ilegal”.
As atividades desenvolvidas pelo Centro de Desenvolvimento de Produtos, em Cachoeirinha, pela Usina de Processamento de Tabaco, em Santa Cruz, e pela Central de Distribuição, em Porto Alegre, que empregam 1500 colaboradores, continuam a operar normalmente e permanecerão no Rio Grande do Sul, garantiu a empresa. A Souza Cruz ainda informa que, “em reconhecimento à relevância da Região Sul no suprimento de tabaco para todo o mundo'', o estado gaúcho se tornará um Centro de Excelência em Tabaco para a British American Tobacco (grupo controlador da fabricante de cigarros), concentrando atividades de pesquisa, em Cachoeirinha, e de operações, em Santa Cruz do Sul.
Repercussão
“O fechamento da fábrica da Souza Cruz em Cachoeirinha é a concretização do que já prevíamos: o aumento excessivo de impostos e o contrabando estão estrangulando o setor, que já atingiu o limite da sua capacidade contributiva. Com a justificativa de aumentar impostos para incrementar a arrecadação, o governo está dando um tiro no pé, pois sem condições de sustentabilidade, as indústrias são obrigadas a tomar decisões extremas, fechando unidades e demitindo seus funcionários”, desabafa Iro Schünke, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco). Schünke também reitera que o comércio de produtos contrabandeados prejudica companhias do setor. “Empresas legalmente estabelecidas – e pagadoras de impostos – perdem mercado para aquelas que comercializam produtos não tributados. O volume de produção dos fabricantes de cigarros que atuam legalmente caiu 35% entre 2011 e 2015. No mesmo período o contrabando elevou sua participação de mercado de 20% a 31%”, contabiliza.
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