Marisol aposta na memória afetiva dos brasileiros para manter margens

Ainda que a receita líquida tenha tido uma queda de 7% até agosto em relação ao mesmo período de 2018 (retraiu de R$ 204,4 milhões para R$ 190,3 milhões), a catarinense Marisol tem demonstrado que suas estratégias vêm dando resultado. Tanto é que, no acumulado até agosto, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) sofreu um avanço de 12%, para R$ 17,7 milhões. “Como trabalhamos com muitas frentes de negócio e distribuição – atacado, varejo, marcas e nichos distintos como venda de malha, lidamos com realidades bastante distintas. De qualquer forma, [os resultados] estão caminhando dentro do esperado, com variações pontuais de desempenho”, avalia o CEO Giuliano Donini (foto). 

A companhia de Jaraguá do Sul tem sentido a retração do consumo brasileiro, visto que a recuperação econômica tem sido muito lenta. A Marisol sente mais esses efeitos, pois não vende diretamente ao consumidor. “Isso faz com que nossa velocidade de reação ao entender a mudança de comportamento seja mais lenta. Hoje, a maior participação de nossos negócios se realiza via varejistas, que tem autonomia de execução. Por causa desse modelo, andamos em uma velocidade diferente e, por isso, as reações do nosso desempenho dependem das estratégias adotadas por esses parceiros”, explica Donini. Ainda assim, os investimentos para o ano foram mantidos. Até agosto, a empresa já havia destinado R$ 7,2 milhões para ações pontuais envolvendo tecnologia e varejo, por exemplo. Outra providência foi resgatar a memória afetiva dos clientes de Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre nas décadas 1990 e 2000. Intitulado LOV.it, a nova linha foi desenvolvida para posicionar a empresa no segmento de presentes úteis,  ampliando o número de consumidores.  

Os preços variam de R$ 29,90 até R$ 109,90 e a perspectiva é elevar o faturamento com os franqueados em R$ 2 milhões até dezembro. A linha pode ser encontrada nas 243 lojas One Store Marisol e nas 101 unidades franqueadas de Lilica & Tigor e no e-commerce Clube Marisol, além dos 2 mil pontos de vendas multimarcas que contemplam os produtos da grife catarinense em todo país. “Com a novidade, ampliamos a oferta de maneira a atender adolescentes e adultos que cresceram usando peças Lilica e Tigor e, agora, podem encontrar os personagens das roupas preferidas de sua infância em outras versões”, detalha Donini.  “Os resultados deste primeiro mês já surpreendem positivamente e são bastante promissores. E vão crescer de forma relevante, a partir do momento em que os lojistas se sentirem ainda mais confiantes nessa categoria, nova para a maioria deles”, prevê o empresário. 

Aliás, Donini transpira otimismo ao falar do futuro – especialmente do país e das reformas em curso. “Enalteço como muito importante a MP da Liberdade Econômica, visto que o país precisa viver uma realidade de economia de livre mercado. Isso não significa uma visão de achatamento de nenhum direito básico da população que colabora para o processo, independente da função”, observa. A reforma tributária é outra bandeira empunhada por ele. “O atual modelo é caótico e permite muitas distorções de comportamento, além de desequilibrar economias setoriais. A expectativa é de que a reforma seja realmente histórica, efetiva e que haja um entendimento de que pode trazer uma maior justiça social. Alguns não demonstram interesse, mas temos dados suficientes para estabelecer discussão clara, para buscar alcançar este novo patamar”, opina.