Cabeça no Brasil, corpo na China
Ao anunciar transferência da produção de controles eletrônicos de Joinville para a Qingdao, na China, a Embraco (foto) dá um passo em direção um modelo mais eficiente, e instala algumas dúvidas sobre a operação no Brasil. A decisão envolve diretamente 120 funcionários da filial fechada, situada ao lado da sede da empresa, maior fabricante de compressores para refrigeração do mundo, e controlada pelo grupo norte-americano Whirlpool. Existe a possibilidade do aproveitamento dos profissionais em outros setores da companhia, ou, dependendo da situação, o colaborador poderá optar por um programa de desligamento. A principal questão que fica, no entanto, é o que pesou na decisão da Embraco.
Para saber os motivos que levaram a esta decisão, AMANHÃ fez contato com Evandro Gon, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa. Por escrito, Gon indicou que a transferência da capacidade produtiva da unidade de Eletrônicos brasileira da Embraco para a unidade de Eletrônicos da Embraco na China faz parte da estratégia de negócios da empresa, “que está sempre atenta e buscando alternativas consistentes para continuar competitiva mundialmente no longo prazo.” Os principais motivos que levaram à decisão foram, segundo ele, “o aperfeiçoamento dos recursos e processos e um melhor gerenciamento dos custos globais, no aumento da agilidade interna e no aprimoramento da cadeia logística.” Questionado sobre se outras áreas da Embraco podem seguir o mesmo rumo da operação de controles eletrônicos, Gon apenas informou que “não há previsão” de deslocamento de outras unidades da empresa.
Know how de China
“A Embraco tem muito "know how" de China, muito mesmo, está lá há quase 20 anos. O conhecimento e relacionamentos que adquiriu nesse período tem um valor imenso. Ainda mais em se tratando de expandir sua operação no país”, avalia Milton Pomar, colunista e blogueiro de AMANHÃ com vasta experiência no mercado chinês. “A Embraco está fazendo o que outras indústrias brasileiras gostariam de fazer, mas não podem, porque não têm esse conhecimento de China”, sustenta Pomar. “O curioso desse movimento da Embraco é que ele pode ser tardio, um pouco na contramão do que está ocorrendo, de empresas saírem da China, em direção a outros países asiáticos, para manterem-se competitivas”, assinala Pomar.
A unidade chinesa de eletrônicos será responsável por 100% da produção de controles eletrônicos da Embraco. Dois dos 120 funcionários serão enviados à China para ajudar no processo de transferência, que deve ser finalizado até o próximo mês de junho. Um fato preocupante, na opinião de Pomar. “Registre-se que, nesse momento difícil da economia brasileira, tudo o que não podemos ter é a saída de indústrias para qualquer país. Ainda mais para a China, que está cada vez mais forte, em termos econômicos e comerciais, e ganha mercados do Brasil todos os dias.”
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