Empresa curitibana que começou em garagem quase faliu, mas agora fatura milhões

Regazzo virou referência rapidamente. Mas, no final da década passada, esteve ameaçada. Agora, mira os R$ 30 milhões
André Regazzo e Alan Araya: o ano de 2022 representa “uma virada de chave”

André Regazzo e Alan Araya estão satisfeitos com os resultados da empresa da qual são sócios, a Regazzo, e traçando projeções ousadas para os próximos anos. Mas, quem ouve só esta parte da prosa pode não ter ideia do quão perto de sucumbir esteve o negócio conduzido por eles. Desenvolvedora de softwares para a indústria, a Regazzo nasceu em Curitiba como um empreendimento literalmente de garagem, em 1998. O foco era a indústria automobilística. A chegada de montadoras europeias ao Brasil expandia o parque fabril no segmento – em especial no Paraná. A Regazzo não demorou a acelerar. Virou referência. "Muitos dos carros que rodam no Brasil, e mesmo em outras regiões do mundo, fabricados aqui, foram montados com o auxílio do software da Regazzo", orgulha-se a dupla.

A partir de 2015, entretanto, por uma série de circunstâncias, externas e internas, os contratos foram minguando. Funcionários da empresa foram dispensados, fato que gerou muita angústia. "Demitir é uma decisão dura, pois afeta famílias", pontua André. A equipe de 20 profissionais passou a se resumir, por um tempo, a apenas quatro pessoas – sendo duas delas os próprios sócios. Por pouco, as portas não foram fechadas. No final da década passada, a Regazzo iniciou um movimento de diversificação de seus produtos e serviços optando por ir além da indústria automobilística, seu foco inicial. Esse processo foi intensificado a partir de 2018.

Em 2020, quando eclodiu a Covid-19, a empresa paranaense já havia deixado para trás a fase mais aguda de sua crise interna. E como a Tecnologia da Informação (TI) foi impulsionada pela digitalização das atividades, decorrente do isolamento imposto pela pandemia, a Regazzo, enfim, retomou a trajetória de expansão. Os sócios citam, entre as empreitadas da fase de retomada, o desenvolvimento de uma solução para uma grande indústria do segmento de papel e celulose como uma das iniciativas mais emblemáticas. A indústria em questão viu, durante a pandemia, sua produção de embalagens ampliar. Precisava, assim, de uma inspeção de qualidade e de outros procedimentos cotidianos mais eficazes. Encontrou na empresa de TI curitibana uma parceria capaz de atender às suas necessidades.

"Desenvolvemos uma solução que digitalizou todo o processo de inspeção de qualidade, o 'checklist'. A solução inclui um aplicativo móvel, que agrega fotos e conta com funcionalidades que enriquecem o processo de inspeção. Hoje, está sendo inserida em várias plantas dessa indústria", recorda Alan. "A Regazzo vinha num crescimento anterior à pandemia. Mas a nova solução tem a ver especificamente com o incremento durante esse período. Com o isolamento social e atividades remotas aumentaram as entregas, e com isso também a demanda por embalagens para os produtos. Hoje, na linha de produção dessa indústria, temos em torno de 400 pessoas utilizando nosso sistema todos os dias", complementa.

Além de atender empresas industriais, a Regazzo, hoje, conta com soluções direcionadas a negócios do setor financeiro, educacional e de logística, entre outros. Uma das atuações está concentrada na fabricação de softwares, em projetos que demandam de quatro meses a até dois anos de desenvolvimento, para depois serem colocados no mercado, conforme sublinham os sócios. Os dois explicam que o leque de serviços é composto, ainda, pela gestão de TI de empresas (o chamado outsourcing) e por trabalhos de consultoria em arquitetura de software e design thinking.

Desde o início de 2022, a Regazzo se dedica, internamente, a consolidar o trabalho remoto de suas equipes e a implantar um novo conceito de gestão. "Estamos criando uma 'camada gerencial' – com gerentes comercial e operacional", cita André, acrescentando, ainda, a opção por um modelo mais horizontalizado de hierarquia, com maior transparência e diálogo entre os colaboradores, que pode ser reduzido pelo que ele chama de "empresa sem parede". Nos últimos três anos, como sinal da retomada, o faturamento da Regazzo triplicou, chegando a R$ 6 milhões em 2021. Até 2025, a meta é quintuplicar, alcançando R$ 30 milhões anuais. "Este ano, 2022, é um ano de virada de chave", aposta Alan.

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Sábado, 23 Novembro 2024

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