Para S&P, pandemia exacerbou fraquezas estruturais do Brasil
Ao reafirmar os ratings de crédito soberanos 'BB-/B' de longo e curto prazo em moeda estrangeira e local na escala global atribuídos ao Brasil, a S&P fez duras críticas ao país. Segundo a agência de classificação de risco, a pandemia exacerbou algumas das principais fraquezas estruturais, sobretudo o baixo crescimento econômico, os grandes desequilíbrios fiscais e a alta carga de endividamento. A agencia também comunicou que a perspectiva dos ratings de longo prazo permanece estável.
A S&P afirma, ainda, que a agenda de reforma fiscal do país tem evoluído paulatinamente, enquanto os maiores níveis de déficit fiscal vêm exercendo pressões de financiamento no governo. "A perspectiva estável indica que a implementação oportuna de ajuste fiscal e a modesta recuperação econômica ajudarão a preservar a confiança do mercado e as condições de financiamento adequadas para o governo nos mercados locais nos próximos dois anos, apesar de um aumento sustentado na carga da dívida", ressalta a S&P, em nota.
Para a S8P, a persistente fraqueza fiscal ao longo do mesmo período, resultante de um crescimento reduzido ou de uma reação de política econômica lenta, pode se traduzir em pressões de financiamento adicionais para o governo. "Esse cenário poderia levar a um rebaixamento dos ratings, sobretudo se prejudicar o compromisso da classe política com a consolidação fiscal. Por outro lado, poderemos elevar os ratings se o Brasil apresentar uma melhora no desempenho fiscal acima de nossas expectativas. Essa melhora poderia resultar de um crescimento mais robusto e avanços nas reformas fiscais estruturais postergadas", avalia a agência.
A S&P alerta que déficit do governo aumentou significativamente em 2020 como resultado do amplo apoio fiscal à economia e da contração do PIB. "Em 2021, conforme a atividade se recupera gradualmente, o Brasil enfrentará o importante desafio de reduzir as medidas de estímulo fiscal implementadas este ano. O fracasso na implementação de ajustes tempestivos no próximo ano pode prejudicar ainda mais a confiança do mercado local e as condições de financiamento para o governo. A sólida posição externa do Brasil, a política monetária proativa, a taxa de câmbio flutuante e a composição favorável da dívida soberana constituem pontos fortes relativos de crédito, que devem lhe permitir enfrentar as condições adversas", pondera o comunicado.
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