Fim das altas? Economistas opinam após o Copom
O Banco Central não surpreendeu e, na última quarta-feira (3), decidiu elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano, voltando ao mesmo patamar de dezembro de 2008 (veja mais detalhes aqui). Uma decisão que já estava precificada por boa parte do mercado. Agora, a grande expectativa fica pelos próximos passos do BC. Para o Goldman Sachs, a decisão do Banco Central de subir os juros para 13,75% ao ano e manter o comunicado da reunião anterior do Copom foi "correta". E ela pode ajudar a baixar as expectativas de mercado relativas à inflação para 2016, segundo a avaliação do diretor de pesquisas para a América Latina da Goldman Sachs, Alberto Ramos. Já segundo o economista da Nomura Securities Internacional, João Pedro Ribeiro, ao manter o conteúdo do comunicado que se seguiu ao término da reunião do Copom, a autoridade monetária deixa a porta aberta para uma nova alta da mesma magnitude na reunião de julho, mas uma nova alta de 0,25 ponto percentual também não é descartada.
Ribeiro pondera que nem a decisão do Copom nem o comunicado engessam a autoridade monetária, embora reforcem que o objetivo do BC é trazer as expectativas de inflação para o centro da meta no ano que vem. "Para trazer as expectativas do mercado em relação à inflação para o centro vai ser preciso mais um aumento de 0,5 ponto porcentual", afirmou, em relatório. Ele lembra que, desde janeiro, quando o BC tem repetido o comunicado, a alta subsequente foi de 0,5 ponto. Já para Alberto Ramos, "até a reunião que será encerrada no dia 29 de julho, o Copom vai analisar o desempenho da inflação, do câmbio e da atividade para definir o próximo passo da política monetária". "Até lá, será importante a comunicação do BC sobre a economia na divulgação da ata na próxima semana e no Relatório Trimestral de Inflação de junho, que será divulgado no final deste mês", acrescentou. "No entanto, se o câmbio variar de R$ 3,30 a R$ 3,40 nesse período, o BC deverá subir os juros em 0,5 ponto porcentual em julho. No entanto, não estaria encerrado o movimento de elevação da Selic e é bem provável que o Copom vá esperar o encontro que ocorrerá no inicio de setembro para tomar sua decisão."
Para o Itaú Unibanco, sem novas altas...
Os economistas do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn e Caio Megale, também reforçam que manutenção do comunicado pode ser visto como um sinal de que a alta de juros continua à frente. Além disso, em comunicações oficiais, os membros do Copom continuam reforçando o objetivo de trazer a inflação para a meta de 4,5% até o final de 2016. "A inflação corrente pressionada torna esse objetivo ainda mais ambicioso. Neste ambiente, o Copom pode julgar necessário um ajuste adicional na política monetária em julho", avaliam. No entanto, eles acreditam que a atividade em queda deve convencer o Copom a interromper o ciclo depois da alta de quarta-feira. "Entendemos que o enfraquecimento da atividade econômica vem se intensificando. Os indicadores de confiança continuam recuando, a criação de postos de trabalho vem ficando mais negativa, e a utilização da capacidade instalada na indústria está nos níveis mais baixos da série histórica. A produção industrial e as vendas no varejo indicam nova queda do PIB no segundo trimestre, e possivelmente no terceiro. Desta forma, entendemos que o Copom concluirá que a Selic no patamar atual, de 13,75%, já é suficiente para promover uma desinflação importante em 2016", ressaltam os economistas. Assim, eles avaliam que a taxa Selic permanecerá em 13,75% até pelo menos o final deste ano. Este cenário é consistente com a sinalização de “persistência” e “perseverança”, que vem sendo repetido pelos membros do Copom, afirmam.
... para o Credit, alta para 14,25% em julho
Já para a equipe econômica do Credit Suisse, ao olhar para o comunicado idêntico e para as expectativas de inflação, a Selic deve aumentar a 14,25% na reunião do próximo dia 29 de julho. Contudo, a expectativa deve ser revista caso a Ata do Copom aponte para uma sinalização diferente. Para a equipe do banco suíço, a Selic teria de subir muito além do nível atual nas próximas reuniões do Copom para aumentar a probabilidade do IPCA cumprir o seu objetivo de atingir o centro da meta de 4,5% no até o final de 2016. Assim, o ciclo de aperto atual ainda não terminou, segundo o Credit. "Nossa visão mais negativa para a dinâmica inflacionária no curto e médio prazo do que as projeções do Copom e o consenso das previsões do mercado; esperamos que a inflação medida pelo IPCA aumente ainda mais nos próximos meses, mantendo-se acima de 8,3% a partir de maio até dezembro e continuamos a estimar que a persistência da inflação vem aumentando por vários anos e provavelmente continuará a aumentar nos próximos meses. Isso faz com que um declínio mais significativo da inflação no próximo ano ainda mais difícil", antecipa o Credit Suisse. A projeção do Credit é de que a inflação será de 8,5% em 2015 e 6,5% em 2016, dado o cenário para as taxas de câmbio de R$ 3,40 para 2015 e R$ 3,60 em 2016 e taxa Selic de 14,25% ao final de 2015 e 12% no final de 2016.
BC ganhando tempo
Para o economista da Tendências Consultoria Integrada, Juan Jensen, o BC não vai fazer sinalizações sobre os próximos passos da política monetária na ata do Copom que será divulgada na semana que vem. O mercado deve ficar de olho sim no Relatório Trimestral de Inflação. E, para ele, o Banco Central não mexeu no teor do comunicado para ganhar tempo até a divulgação do Relatório. "Ele deve trazer no RTI projeções de inflação para 2016 convergindo para próximo do centro da meta. Não necessariamente para os 4,5%, mas algo em torno de 4,6%, 4,7%, no cenário de referência, que considera câmbio e juros estáveis. Só aí ele deve começar a sinalizar os próximos passos", disse o economista.
*Com Agência Estado
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