A inovação disruptiva é mais desafiadora do que a pandemia

A boa gestão separará o joio do trigo e os mortos dos vivos
“Nada mais será igual e exigirá das empresas e da sociedade profundas e inexoráveis mudanças”, sugere Telmo Schoeler neste artigo

Nos últimos meses o mundo foi surpreendido pela Covid-19, gerando uma pandemia que afetou tudo, a todos, em todos os países. Pessoas se isolaram, clientes sumiram, produtos desapareceram, empresas entraram em crise, milhares fecharam, empregos foram extirpados.Desconsiderando o número de mortos, esta é, sem dúvida, a crise de maior alcance e efeito na história, produzindo ativos sem uso, lugares sem visita, pessoas sem função, compromissos não cumpridos. Em resumo, uma sensação de final dos tempos.

A primeira e natural reação foi de pânico. Agora, racionalizando os acontecimentos e emoções, embora ainda sem cura ou proteção definitiva contra o vírus, começa a se enxergar que nem tudo é péssimo para todos e que alguns setores até se beneficiaram com a crise. Um pouco mais de tempo e teremos vacinas e medicamentos que nos livrarão do problema, assim como superamos a tuberculose, a paralisia infantil e outras doenças.

Por isso, empresarialmente falando, a Covid não é nosso maior desafio, simplesmente porque será superada. O maior é a inovação disruptiva que já vinha avançando a passos largos e agora se acelerou com base na tecnologia, num movimento que não terminará. Quem não tinha, não sabia ou simplesmente não usava tecnologia e comunicação à distância, teve de se engajar, ainda que em idade avançada.

A inteligência artificial vem fazendo coisas que ninguém imaginava e cujos efeitos muitos ainda não perceberam: veículos que andam sozinhos; a telemedicina revolucionando a área médica; o direito e a advocacia serão profundamente mudados; a contabilidade e os controles enterraram em definitivo a lentidão originária do guarda-livros e a informalidade do malandro; o dinheiro e seu fluxo são hoje monitorados mundialmente; a economia virou internacionalmente circular; o capitalismo clássico foi atropelado pelo capitalismo inclusivo e consciente no conceito de ESG; os clientes passaram a pesquisar, saber tudo, optar e decidir; a interconexão gera tanto o conhecimento quanto a transparência.

Em síntese, morar, viajar, consumir, comprar, deslocar, estudar... nada mais será igual e exigirá das empresas e da sociedade profundas e inexoráveis mudanças. Um movimento que é um desafio diante da aversão psicológica e humana à mudança: preferimos, conservadoramente, o conhecido e o que dominamos. Esta transformação terá de ser extensiva ao papel, tamanho e regras do Estado e à estrutura, formatação e atuação política, de forma a passar a respeitar direitos e interesses do único foco e interessado nesse cenário – o cidadão.

O desafio fica ainda maior quando lembramos que o que precisamos mudar são formas, conteúdos, estruturas, pois valores e princípios – entre os quais estão ética, compliance, transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa – são atemporais e imutáveis. Como bem colocou Darvin, os seres vivos que sobreviveram aos milênios não foram os mais fortes, mas sim os mais adaptáveis. Isto, com certeza, só será possível com boa gestão e governança que separarão o joio do trigo e os mortos dos vivos.

*Fundador e presidente Orchestra Soluções Empresariais

Veja mais notícias sobre GestãoEconomiaEmpreendedorismo.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quarta, 11 Dezembro 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br/