Quase a metade dos consumidores não controla gastos de compras parceladas, aponta CNDL/SPC Brasil

32% ficaram inadimplentes no último ano devido a compras no crédito, principalmente pelo uso do cartão
O problema do endividamento surge, muitas vezes, em razão da facilidade de acessar ao crédito

O crédito é um instrumento que alavanca a economia, ampliando o bem-estar dos consumidores e as receitas dos lojistas, desde que usado com consciência e planejamento. Se por um lado ele pode ser pensado como um atalho para algumas conquistas da vida, por outro, pode trazer consequências graves ao orçamento, caso o consumidor não utilize esse crédito com prudência e organização de suas finanças. Um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, aponta que quase a metade (47%) dos consumidores do país não faz o devido controle das compras parceladas, sendo que esse percentual se divide entre os que fazem o controle na própria fatura do cartão de crédito (34%), de cabeça (9%) ou admitem não fazer controle (3%).

A pesquisa constatou ainda que 32% dos entrevistados ficaram inadimplentes nos últimos 12 meses por causa de compras parceladas, sendo que 17% citam o cartão de crédito como a principal dívida não paga e 7%, os empréstimos. Crediários (5%) e financiamentos (3%) também foram mencionados. Na avaliação dos consumidores, os motivos que mais dificultam o pagamento de compras parceladas são: a queda da renda (16%); o desemprego (15%); e manter um mínimo para o próprio sustento (13%). O levantamento aponta ainda que 48% dos entrevistados afirmam ter até 25% da renda comprometida com o pagamento de dívidas em atraso e 19% entre metade e 100% da renda.

"Contratar um crédito é assumir um compromisso. Desse modo, especialmente nos casos em que o dinheiro para a quitação das dívidas é usado para pagar o consumo não essencial, a consequência pode ser o superendividamento e a restrição ao mercado de crédito. O quadro de superendividamento é uma situação desfavorável tanto ao consumidor quanto aos credores, que deixam de receber parte dos recursos que receberiam, ou recebem com atraso. Se não houver disciplina, é fácil perder a noção do quanto foi gasto e ultrapassar os limites do orçamento. O controle financeiro é fundamental para evitar esse tipo de problema", orienta o presidente da CNDL, José César da Costa.

Crédito fácil levou 62% a comprar algo que não estava no planejamento

 Limites de cartão muito acima da renda, cheque especial e empréstimos pré-aprovados: tudo isso facilita a vida do consumidor, mas também pode ser uma armadilha, ao induzir a compra de forma não planejada. Segundo o levantamento, 62% dos consumidores cederam à tentação e levaram para casa algum item não planejado no mês anterior à pesquisa, devido a facilidade do parcelamento das compras. A pesquisa tratou de investigar quais foram os itens mais comprados nas condições de fácil acesso ao crédito. Roupas, calçados e acessórios (26%) lideram, seguidos de compras de supermercado (23%); itens de farmácia (20%); perfumes e cosméticos (18%); ida a bares e restaurantes (13%); e eletrônicos (11%).

A internet surge como um canal que propicia as compras por impulso por meio da facilidade do pagamento em prestações, de acordo com os números da pesquisa. Pouco mais da metade (53%) citou o e-commerce como um tipo de loja que estimula a compra não planejada. Esse percentual cresceu 9 p.p. na comparação com o resultado de 2021 (43%). Lojas de departamento também foram mencionadas com destaque (42%), seguidas pelas lojas de shopping (34%) e lojas de roupas, sapatos e acessórios que não são de departamento (33%). Supermercados favorecem as compras não planejadas para 29% dos consumidores, enquanto as lojas de móveis foram apontadas por 24%. Todos os canais apresentaram crescimento comparado a 2021.

4 em cada dez consumidores aceitam ofertas de crédito de bancos mesmo sem ter solicitado

O problema do endividamento surge, muitas vezes, em razão da facilidade de acessar ao crédito. A reação ao receber uma proposta de envio de cartão de crédito divide as opiniões dos consumidores: 41% dizem aceitar a proposta, sendo que 26% só o fazem depois de avaliar a necessidade; 12% aceitam mesmo sem necessidade, desde que não haja anuidade; e 4% aceitam a proposta sem avaliar a necessidade, mesmo que tenha anuidade. De acordo com a pesquisa, 20% tiveram aumento do limite de cheque especial, mesmo sem solicitar, e 8% receberam após solicitação. No caso do cartão de crédito, 36% receberam aumento de limite sem solicitar, enquanto 19% receberam mediante solicitação. Já no cartão de loja, o aumento de limite sem solicitação foi mencionado por 22%, enquanto 13% receberam após solicitação. No caso do limite do empréstimo pré-aprovado a pesquisa apontou que 44% dos consumidores receberam aumento sem ter pedido ou autorizado.

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Segunda, 06 Mai 2024

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