“Cérebro humano ainda é muito melhor do que computadores”, afirma especialista da OCDE
Ainda que a tecnologia avance a passos largos, o cérebro humano é muito melhor do que computadores, segundo o analista sênior e vice-chefe da divisão de educação e competências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Stéphan Vincent-Lancrin. Ele participou nesta quarta-feira (23) do painel Talentos para o Futuro, do Fórum Radar Reinvenção, promovido pela Academia Fiesc de Negócios, em Florianópolis.
Para o especialista, desenvolver habilidades como pensamento crítico, raciocínio lógico e criatividade é essencial para a inovação. Ele lembra que o Brasil logo se tornará membro da OCDE e possui iniciativas alinhadas aos demais países-membros. "Grandes mudanças estão ocorrendo no mercado de trabalho, como o surgimento de robôs digitais, que poderão mudar as ocupações. Indústrias estão sendo digitalizadas e uma das consequências disso é a polarização do mercado de trabalho que demanda mais pessoas altamente capacitadas", analisa Vincent-Lancrin. Segundo ele, isso tem a ver com duas grandes mudanças: aumento das tarefas não-rotineiras e tecnologia mais intensiva. "Em termos de habilidades para o futuro, estamos falando de mais espaço para tarefas mais complexas. Uma das implicações na educação é que muitas das coisas que costumávamos ensinar se tornaram automatizadas", observa.
Miguel Abuhab, presidente da NeoGrid, abordou as mudanças observadas na sociedade com os avanços tecnológicos. Para o executivo, a tecnologia só faz sentido quando vem eliminar ou reduzir uma restrição. "Temos de entender qual é o poder da tecnologia, qual regra de negócio era utilizada antes da tecnologia e, agora, qual regra pode ser utilizada com aquela restrição que foi eliminada? Sem essa reflexão, de nada vale a tecnologia", salientou. Abuhab apresentou ainda o Instituto Miguel Abuhab, em Joinville, que visa ensinar a criança a pensar, superar desafios e tomar decisões por si mesma. O programa é destinado a professores da rede municipal e aplicado por voluntários do Instituto.
A diretora-presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB), Lucia Dellagnelo, afirmou que talentos são "tesouros que precisamos investir e cuidar. Eles não permanecem preciosos por si mesmos, eles necessitam de cuidado e de investimento constante para que se tornem, ao invés de uma âncora, um grande potencializador do desenvolvimento e da competitividade no estado". A pesquisadora frisou ainda que o Brasil precisa investir mais no desenvolvimento de capital humano. "O mundo já enxerga o capital humano como um tesouro da economia", acrescentou, alertando para o fato de o Brasil estar mal posicionado nos principais rankings de competitividade.
Na mesma linha de desenvolvimento de capital humano, Vincent-Lacrin, da OCDE, lembra que "sem pessoas habilidosas e capacitadas, não acontecerá a inovação". Para o especialista, todos podem contribuir com inovação nos diversos setores, independentemente da formação profissional. "Contribuir para soluções é o que distingue pessoas que têm capacidade de inovar. Pensamento crítico e habilidade para comunicação ampliam as oportunidades profissionais. Além disso, temos que ensinar empreendedorismo e outras habilidades que não fazem parte dos currículos atualmente", sugere. Evandro Badin, da Junior Achievement, mediou o painel e frisou o paradoxo que existe em Santa Catarina, quando se compara a participação da indústria na geração de riquezas do estado (2° lugar) com a posição que ocupa no ranking de desenvolvimento de capital humano (24ª), de acordo com o Banco Mundial. "Trabalhamos diariamente para desenvolver e fortalecer o capital humano nas nossas organizações e na sociedade", finalizou Badin.
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