Selic pode cair para 7,8% em 2025 com desaceleração da economia brasileira
Em meio ao processo de desinflação e desaceleração da economia brasileira no segundo semestre, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou nesta quarta-feira (29) um relatório otimista sobre a taxa básica de juros do país. De acordo com a entidade, a Selic deve continuar uma tendência de queda nos próximos dois anos, com uma taxa de 9,2% até o final de 2024 e 7,8% na segunda metade de 2025. "Com expectativas de quedas contínuas da inflação e juros reais elevados, são necessários mais cortes", afirma o relatório. Pelas previsões, a inflação deve fechar 2023 em 4,5%, desacelerar para 3,2% no ano que vem e atingir a meta de 3% em 2025. Segundo a OCDE, a baixa nos preços veio diante da antecipação no corte de juros e da normalização na cadeia de suprimentos no pós-pandemia.
O chamado "Clube dos Países Ricos" revisou a expectativa para o PIB do Brasil para 3% neste ano, ante 3,2% em setembro. Para 2024, a entidade projeta uma desaceleração da economia para 1,8% e uma leve melhora em 2025, quando o PIB deve crescer 2%. "As exportações agrícolas devem impulsionar o crescimento em 2023, mas vão desacelerar nos anos seguintes, em meio aos baixos preços de commodities", destaca o relatório. As mudanças nas estimativas também levaram em conta uma produção industrial que segue 1,8% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e o setor de serviços em desaceleração por dois meses consecutivos (agosto e setembro). Por outro lado, o mercado de trabalho segue resiliente, com uma taxa de desemprego de 7,7%, menor resultado desde 2015, o que melhora a demanda doméstica – que segue como principal impulsionador da atividade econômica brasileira.
A queda da inflação e o aumento das transferências de renda – com o Bolsa Família de R$ 600 – também ajudam a manter o PIB num patamar mais alto. A OCDE acredita que a política fiscal mais expansionista do governo deve continuar em 2024. No entanto, o Executivo deve conseguir atingir a meta de superávit primário de 1% do PIB exigida pelo novo arcabouço fiscal. Para chegar nesse objetivo, a organização vê um esforço do governo para aumentar as receitas em 1,5% do PIB no ano que vem, enquanto as despesas subiriam 1% do PIB. "A implementação do novo quadro fiscal e o cumprimento das metas do saldo primário serão fundamentais para garantir a sustentabilidade da dívida e restaurar a confiança nas finanças pública", alerta a OCDE.
Sobre a reforma tributária, o texto destaca a proposta como impulsionadora do crescimento. "Um sistema unificado de imposto sobre valor agregado simplificará a tributação de bens e serviços e reduzirá os encargos administrativos para as empresas. Além dos impostos sobre o consumo, há também margem para reformar os sobre o rendimento", prevê a entidade. Apesar do início de queda da inflação nos países desenvolvidos, a entidade prevê um crescimento mundial de 2,9% neste ano, caindo para 2,7% em 2024 e com leve recuperação para 3% em 2025. Segundo a OCDE, o aperto monetário para combater a alta dos preços tem surtido efeito – inclusive com a melhora do PIB em algumas nações mais ricas. No entanto, prevê um comércio mais fraco e redução na confiança nos próximos meses.
Com Redação da B3
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