Moody's pode dar duas notícias negativas ao Brasil

Os dias seguintes serão de expectativa para o governo. Nesta quarta-feira (15), os técnicos da agência de classificação Moody's desembarcam no país para uma série de encontros sobre o quadro atual da ec...

Os dias seguintes serão de expectativa para o governo. Nesta quarta-feira (15), os técnicos da agência de classificação Moody's desembarcam no país para uma série de encontros sobre o quadro atual da economia brasileira e devem revisar o rating soberano nacional. A atual nota é Baa2, com perspectiva negativa. O cenário que se desenha é de que o rebaixamento é quase inevitável, para Baa3. Porém, a grande dúvida é se a perspectiva para a nota continuará negativa – algo que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentará evitar a todo custo que isso aconteça, usando como argumento para tanto o ajuste fiscal.

Contudo, segundo aponta a LCA Consultores, há chance dos dois cenários ruins se concretizarem: tanto um rebaixamento de rating para Baa3 quanto a perspectiva negativa, o que pode aumentar a tensão para uma nova redução de rating nos próximos meses. Caso o último cenário se concretizasse, o Brasil teria o grau de risco especulativo, ou "junk".

As perspectivas são opiniões relativas à provável direção dos ratings de um emissor no médio prazo, geralmente 18 meses. Assim, com o rating na última escala do grau de investimento, os temores aumentam sobre se haveria uma revisão posteriormente para o rating especulativo (a primeira nota do grau especulativo é Ba1 pela Moody's).

A LCA destaca que a situação dos indicadores econômicos brasileiros, em comparação com outros países também com classificação Baa2, está bem distante, no sentido negativo. "De fato, a relação entre dívida bruta e o PIB, o resultado fiscal e o déficit em conta corrente mostra que nossa classificação de risco não é condizente com os fundamentos do país, principalmente na área fiscal. A tendência de crescimento da dívida pública e dos déficits tanto nas contas externas, como na política fiscal justificam a expectativa de rebaixamento de nossa classificação", afirma a consultoria.

Assim, avalia a LCA, a pergunta que surge a seguir é se o Brasil continuará com perspectiva negativa para o seu rating soberano mesmo após a queda de uma nota. A LCA analisa alguns indicadores relevantes para definir a classificação, agrupando os países em dois conjuntos: aa3 e Ba1. O primeiro corresponde à última nota de um país com grau de investimento. Já a outra classificação se refere à primeira nota dos países com grau especulativo. O quadro a seguir também apresenta as projeções da LCA para este ano e o próximo para o Brasil.

 

Saldo em conta corrente (% PIB)

 

 

 

 

2014

2015

2016

Baa3

-2,28

-2,03

 

Ba1

-0,63

0,86

 

Brasil

-4,50

-4,30

-3,80

Dívida bruta (% PIB)

 

 

 

 

2014

2015

2016

Baa3

51,24

51,10

 

Ba1

71,91

72,70

 

Brasil

58,90

61,80

62,90

Déficit orçamentário (% PIB)

 

 

 

 

2014

2015

2016

Baa3

-5,15

-5,20

 

Ba1

-4,05

-3,70

 

Brasil

-3,05

-5,60

-4,40

"Como se pode ver, na classificação Baa3, os indicadores fiscais do Brasil ficam mais próximos, principalmente no que diz respeito ao déficit público. O déficit em conta corrente segue distante, mas esse diferencial é compensado pela elevada posição de reservas internacionais e pela composição do financiamento do balanço de pagamentos, baseada, em boa parte, em investimentos diretos estrangeiros. Para 2016, se o nosso cenário estiver certo e o crescimento voltar e o juro recuar, o déficit público poderá ser menor. Assim, teremos uma modesta alta da relação entre a dívida e o PIB. Nesse caso, a perspectiva de nosso rating poderia voltar a ser estável", afirma.

Por outro lado, mesmo com a correção de rumo da política econômica, a LCA Consultores continua observando a piora da confiança dos empresários. "Esse é um ponto que faz com que tenha uma probabilidade relevante da perspectiva do rating brasileiro continuar negativa", destacam os economistas da consultoria. Além disso, contribui para essa baixa confiança dos empresários não só as dificuldades normais de uma economia em recessão, mas também as incertezas elevadas no ambiente político. Em um caso extremo, essas incertezas podem resultar no impedimento da presidente Dilma, avalia a consultoria. "Em resumo, são elevadas as chances de rebaixamento de nosso rating. Quanto à perspectiva, a tendência é de continuar negativa, por conta do quadro de incertezas que leva os empresários a agirem cautelosamente em suas decisões de investimento", conclui a LCA.

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Quarta, 11 Dezembro 2024

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