Dívida pública cai 0,7% em julho

Alto vencimento de títulos prefixados justifica queda
O Tesouro tem lançado menos papéis prefixados, por causa da turbulência no mercado financeiro nos últimos meses. Esses títulos têm demanda maior em momento de estabilidade econômica

O alto volume de vencimentos e a queda do dólar fizeram a Dívida Pública Federal (DPF) cair em julho. Segundo números divulgados pelo Tesouro Nacional, a DPF passou para R$ 5,8 trilhões no mês passado, baixa de 0,7%. Apesar da queda em julho, o Tesouro prevê que a dívida subirá nos próximos meses. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no fim de janeiro, o estoque da DPF deve encerrar o ano entre R$ 6 trilhões e R$ 6,4 trilhões.

No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 78,4 bilhões em títulos a mais do que resgatou, principalmente em papéis prefixados (com juros fixos), cujos vencimentos se concentram no primeiro mês de cada trimestre. O resgate líquido foi parcialmente compensado pela apropriação de R$ 41,7 bilhões em juros. Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a taxa Selic (juros básicos da economia) subindo desde março do ano passado, a apropriação de juros aumenta. A queda do dólar em julho também contribuiu para reduzir o endividamento do governo. A Dívida Pública Federal externa (DPFe) caiu 1,7%, passando de R$ 250,1 bilhões em junho para R$ 245,8 bilhões em julho. O principal fator foi o recuo de 0,9% do dólar no mês passado.

Colchão
Após dois meses seguidos de alta, o colchão da dívida pública (reserva financeira usada em momentos de turbulência ou de forte concentração de vencimentos) caiu. Essa reserva passou de R$ 1,2 trilhão em junho para R$ 1,1 trilhão no mês passado. Segundo o Tesouro Nacional, esse recuo deveu-se ao resgate líquido observado em julho. Atualmente, o colchão cobre quase um ano de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,4 trilhão em títulos federais.

Composição
O alto volume de vencimentos mudou a composição da DPF. A fatia de títulos prefixados (com rendimento definido no momento da emissão) caiu de 27,2% para 25,7%. O PAF prevê que a parcela da Dívida Pública Federal corrigida por esse indicador terminará o ano entre 24% e 28%. O Tesouro tem lançado menos papéis prefixados, por causa da turbulência no mercado financeiro nos últimos meses. Esses títulos têm demanda maior em momento de estabilidade econômica.

Detentores
As instituições financeiras seguem como principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 29,6% de participação no estoque. Os fundos de investimento, com 24,4%, e os fundos de pensão, com 22,6%, aparecem em seguida na lista. Com a redução da instabilidade no mercado financeiro internacional, a participação dos não residentes (estrangeiros) subiu de 8,9% em junho para 9% em julho. Há dois meses, o indicador havia atingido o menor nível desde dezembro de 2009 com o aperto monetário nos Estados Unidos. Os demais grupos somam 14,5% de participação, segundo os dados apurados no mês.

Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos financeiros. Em troca, compromete-se a devolver os recursos depois de alguns anos, com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic (juros básicos da economia), a inflação, o dólar ou ser prefixada (definida com antecedência).

Com Agência Brasil

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