A literatura de Israel em Porto Alegre
Hoje recebi o convite da escritora gaúcha Leniza Kautz Menda para estar presente ao lançamento do primoroso livro que ela organizou e protagonizou "Escritoras Israelenses de A a Z", lançado pela pequena e corajosa editora AzuCo, de São Paulo. Para mim, a alegria foi dupla. Primeiro porque conheço Leniza já há alguns anos, desde que ela publicou um instigante livro sobre o humor na literatura judaica de título "Rindo do trágico", publicado pela Artes & Ofícios. Não imaginava que uma indicação minha pudesse resultar numa edição tão esforçada, sendo este tipo de coletânea reconhecidamente difícil de fazer, mesmo para editoras experientes. Estão de parabéns!
Em segundo lugar porque me considero um bom amigo das coisas de Israel e sempre achei que a literatura feminina do país estava meia subrepresentada no Brasil, apesar das magníficas edições da Todavia, especialmente de Ayelet Gundar-Goshen. Com o esforço de Leniza veem à luz, como fina degustação, todas as escritoras que há muito me chamavam a atenção, que li em outras línguas, como Zeruya Shalev, amplamente conhecida na França; Shifra Horn, que escreveu um delicioso livro sobre o Japão; e Dorit Rabinyan que desvela outra faceta sobre tudo o mais que há em comum entre Israel e o Irã, muito mais forte do que o que os separa. Quem duvida que a arte aproxima?
São 29 escritoras de primeira grandeza, um luxo e uma extravagância que brota como um farol no Oriente Médio. Prefiro que o leitor leia o livro e que o entesoure como uma fonte de referência de busca biográfica. Não contente com isso, Leniza reuniu uma plêiade de notáveis para resenhar o seu livro. Se 80% do conteúdo é de sua lavra, é determinante a contribuição de grandes nomes das letras que, generosamente, se prestaram a cooperar com esse esforço coletivo. Seus nomes dispensam apresentação. Moacir Amâncio, Vivian Schlesinger, Marcia Dreizik, Luiz Paulo Faccioli e Laura Trachtenberg Hauser se somam aos de Gustavo Melo Czekster, Oda Bochernitsan, Marcia Lima e Silva e Nurit Gil.
Nos mais de 20 anos que me prendem ao Rio Grande do Sul, traço indelével de uma alma pernambucana que ama este Estado, faço questão de comparecer à Federação Israelita na noite da terça-feira para abraçar a autora. O Sul do Brasil vive uma tragédia humanitária. É hora de reforçarmos tudo o que nos une. E a literatura será sempre um elo de reforço na terra de Moacyr Scliar, Érico Veríssimo, Mario Quintana e Michel Laub, entre tantos.
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