A aposentadoria imaginada e a real
Para a maioria dos indivíduos, o perfil das despesas muda bastante quando deixamos a vida profissional e os gastos passarão a ser voltados para manutenção da qualidade de vida, lazer e saúde. As pessoas com mais de 60 anos podem ter movimentado mais de R$ 861 bilhões em 2018, conforme estudo realizado pela consultoria SeniorLab. A estimativa para este ano se aproxima do trilhão.
Recentemente, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) divulgou o Raio-X do Investidor – um estudo amplo que tentou entender um pouco mais sobre o comportamento do investidor 60+, um público com características peculiares. O levantamento apresentou uma visão bem interessante comparando expectativas e realidades de públicos com expectativas bem diferentes. A pesquisa apresenta pessoas que ainda não se aposentaram ou que estão próximas disto e pessoas que já vivem a realidade da aposentadoria e suas diversas fontes de renda que não a Previdência Social.
Listei as principais fontes de renda planejadas e como elas, de fato, se realizam para quem já está aposentado.
Previdência pública
Não aposentados – esperam que 48,3% da renda venha dali
Aposentados – têm nessa fonte 89,4% da fonte de renda
Salário
Não aposentados – projetam 24,7% da renda virá do salário
Aposentados – têm nessa fonte 9,9% da renda
Aplicações financeiras
Não aposentados – projetam 11,1% da renda
Aposentados – têm de fato nessa fonte, 2,8% da renda
Previdência privada
Não aposentados – contam com 8,6% da renda quando aposentados
Aposentados – têm nessa fonte 9,9% da sua renda atual
Aluguel de imóveis
Não aposentados – 4,6% da renda
Aposentados – têm nessa fonte 3,9% da renda
O estudo revela um perfil de renda bem distinto do planejado, ou melhor, do imaginado. Faço essa ressalva porque acredito que, existindo um planejamento mais realista, a expectativa não estaria tão distante da realidade. Outro aspecto que merece destaque está relacionado à relação da expectativa de se manter trabalhando, realidade mais desafiadora do que o imaginado. Em muitos casos, a preparação para o empreendedorismo e a atualização profissional podem ser alternativas importantes. Basta acompanhar o crescimento e o formato atual de conteúdo, cursos e palestras oferecidas pela plataforma MaturiJobs. Inicialmente funcionando como uma ponte entre talentos maturis e empresas que buscam a expertise da vivência, ela se tornou um hub de qualificação e ressignificação profissional e atualização de mercado.
Para se desfrutar da fase mais “carpe diem” da vida, o planejamento financeiro é muito importante. Vários aspectos precisam ser levados em conta: previdências privadas, organização patrimonial e um plano de vida bem claro e sem culpa. Outro dia, conversando com o especialista em planejamento financeiro André Luis Machado, fundador da MoneyMind, percebi que não basta ter patrimônio. Inteligência financeira e emocional fazem toda a diferença para quem entende que chegou a sua vez de viver. O patrimônio material muitas vezes causa tanto “peso” que o patrimônio acumulado pelas experiências da vida fica cada vez mais distante. Depois de tantas evidências demográficas e econômicas, hoje o público 60+ é percebido como consumidores e influenciadores importantes para o mercado. Quanto mais os conhecermos, melhor serão os serviços e produtos oferecidos.
Entender as características das fontes reais de renda também ajuda o mercado financeiro a desenhar soluções que podem ajudar a complementar as fontes de recursos para cada momento da vida. Veja a importância da previdência privada que na vida como ela é já tem uma participação no mix de renda superior ao planejado. Os 60+ estão entrando na fase da vida em que mais merecem desfrutar do que construíram durante a vida. Acumular patrimônio deixou de ser a principal meta. O que querem mesmo é acumular experiências.
Bem-vindos ao novo mundo do mercado 60+.
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