Rio Grande do Sul registra a safra mais cara da história
A cada R$ 100 faturados com a venda de grãos, o produtor gastou R$ 88 para produzi-los. Isso é o que revela o estudo apresentado pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) nesta quarta-feira (12), em Porto Alegre. Os gastos foram puxados, especialmente, pelo alta do valor dos fertilizantes e da indústria química. Aliado a isso, o estado registrou uma queda considerável no Valor Bruto da Produção Agrícola (VBP), com a diminuição das receitas das lavouras de arroz, de soja e de trigo.
O levantamento levou em consideração dados do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola do IBGE e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) dos últimos dois meses. “Como a maior concentração da venda das safras ocorre entre abril e maio, pegamos esse recorte para a análise dos dados”, justificou Antônio da Luz, economista-chefe da federação. Para além das toneladas produzidas e do faturamento, o estudo avaliou os impactos econômicos gerados no estado pelas operações agrícolas. “O agronegócio é mais do que agricultura, envolve a indústria, os compradores, as cooperativas, os serviços, frete, distribuição. O desempenho de todos depende dos resultados da safra”, explica o economista.
A produção de grãos se manteve positiva em comparação à safra passada, registrando um aumento de 4%. O resultado só não foi mais positivo por conta das condições climáticas não favoráveis e a perda de espaço de plantio para a soja no estado. Mas, na hora de vender a produção, as commodities arroz, soja e trigo registraram, juntas, queda de 32% em relação ao VBP de 2018. O saldo da balança foi 3% menor, graças a alta de 16% no valor do milho e de 35% nos demais grãos.
O PIB do agronegócio – que representa a movimentação de toda a cadeia do setor – também apresentou retração (-3,2%) em relação à safra 2017/2018, registrando R$ 108,8 bilhões, 3,2%. “Hoje, cada R$ 1 faturado na lavoura resulta em outros R$ 3 em demais etapas da economia, especialmente no segmento de distribuição”, detalha Ruy Augusto da Silveira Neto, também economista da Farsul. Outro fator que pesou na conta dos agricultores foi a inflação dos custos de produção, especialmente em virtude da taxa cambial. No acumulado anual, a variação foi de 12%, o que caracterizou essa safra como a mais cara da história.
Segundo dados do 9º Levantamento da Safra de Grãos 2018/2019 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado na terça-feira (11), a produção brasileira de grãos 2018/2019 deve atingir 238,9 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 4,9%. “O cenário anima os produtores rurais gaúchos a investirem mais de R$ 2 bilhões em maquinários e implementos para a lavoura”, projeta Gedeão Silveira Pereira, presidente da Farsul.
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