Dólar continuará volátil em 2021

Previsão foi feita pelo analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado, no ITK Digital 2020
A moeda norte-americana deve flutuar entre R$ 5,10 e R$ 5,70

Os preços agrícolas continuarão elevados no próximo ano, muito em razão do processo contínuo de volatilidade da moeda norte-americana. O cenário foi desenhado pelo analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado, que traçou expectativas para o mercado agrícola para 2021. Ele foi um dos palestrantes do Innovation Tech Knowledge 2020, promovido pela Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software (Softsul), nesta terça-feira (6). A temática central de hoje é o agronegócio e sua relação com a TI. Nos cálculos da Safras & Mercado, o câmbio deve flutuar entre R$ 5,10 e R$ 5,70, tendo como ponto de equilíbrio a cotação de R$ 5,30. "Nessa conta pesam fatos como o embate eleitoral entre Trump e Biden, a postura do Banco Central brasileiro em relação aos juros, se o Guedes sai ou não sai", enumerou o especialista.

Internamente, Molinari se preocupa com a resolução do déficit primário que neste ano, em razão da pandemia, deve beirar R$ 1 trilhão. Para 2021, esse déficit já é estimado em R$ 200 bilhões, muito em razão do governo federal ter de manter o auxilio emergencial para pessoas que seguirão desempregadas – ou mesmo para os invisíveis descobertos durante o período de quarentena. "A reforma tributária terá de corrigir isso, mas o Congresso trava negociações, pois quer negociar algo [em troca] com o Planalto", conjecturou.

Para Molinari, mais que a divisa dos Estados Unidos ou mesmo o problema interno nacional, o clima deve preocupar os produtores. O fenômeno meteorológico La Niña deve fazer com que o clima seco predomine, fator que pode trazer prejuízos para algumas culturas. "Rio Grande do Sul e Santa Catarina já sofreram com uma forte estiagem recentemente e ambos correm o risco de ter uma safra de verão com problemas parecidos", previu ao apresentar mapas de variação pluviométrica. O comportamento climático levará ao plantio mais tardio da soja, em novembro – iniciativa que postergará a safrinha de milho para abril, quando a semeadura é feita em janeiro.

O analista não vê potencial de quebra de produtividade da soja, mas antecipa problemas com o abastecimento, pois a colheita também será feita mais tardiamente. "Teremos de acompanhar os mapas de cima semanalmente, pois La Niña trará movimentos especulativos [sobre os preços] entre o final e o começo do ano que vem até o mês de março", declarou. Ele também antevê uma possível quebra de safra de soja na Argentina, pois o país vizinho sofrerá muito mais com o fenômeno meteorológico. A variação do preço da soja também deve encarecer o farelo, produto utilizado na cadeia de proteína animal. "Surpresas serão diárias e semanais [em razão de todo cenário apresentado] para o meio agrícola. Não adianta apenas dizer que preço das commodities aumentará para agradar o produtor, [pois há todo um contexto em torno dessa realidade]", finalizou.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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