China em crise?
O noticiário econômico sobre a China sempre foi preocupante para os leigos, por seu caráter excessivo, no pessimismo ou no otimismo. Tem sido assim há mais de 20 anos, e quem acompanha as notícias sobre a China nesse período deve se lembrar, por exemplo, da quantidade de vezes que anunciaram a falência do sistema financeiro do país por causa da grande quantidade de créditos "podres". A "bolha" imobiliária que os enormes investimentos em construção civil teriam criado.
E que, a exemplo da "bolha" imobiliária norte-americana, levaria a economia chinesa a um caminho de crise de grandes proporções. Ou os sucessivos recordes de crescimento do PIB, que seriam insustentáveis e levariam o país a entrar em crise. Aliás, essa palavra ("crise") é recorrente na mídia, quando se refere à China.
A China está sempre em crise, essa é a verdade. Seguindo a máxima de que crise é risco e oportunidade, os chineses e chinesas continuam apostando alto no desenvolvimento acelerado do país, apesar da crise mundial (essa sim, real), e de todas as dificuldades – e oportunidades – que ela lhe proporcionou desde 2008. Provavelmente, mais oportunidades do que dificuldades, em que pese essas não terem sido poucas.
Por enquanto, a crise da bolsa de Shanghai parece ter sido controlada, com medidas rápidas e firmes do governo chinês, que não costuma ficar olhando situações assim para ver no que vai dar. E observando de perspectiva, essa crise é pequena, se comparada com o tamanho da economia chinesa e das suas reservas cambiais. Tanto é assim que, nos últimos dias, analistas experientes já colocaram as coisas em seus devidos lugares.
Não interessa ao mundo que a China entre em crise, pois ela é excessivamente grande para quebrar, assim como os Estados Unidos. Já é a maior economia do mundo, pela Paridade do Poder de Compra (PPP), ou a segunda maior, pela Paridade Cambial; e é o país que mais importa petróleo e alimentos. O peso chinês no comércio mundial passa de 10%, graças à condição de maior exportador e segundo maior importador. E em breve a China deverá ser o país que mais investe no exterior. O pacote de investimentos no Brasil, por exemplo, anunciado em maio, apesar de pouco divulgado, impacta toda a economia, por ser em infraestrutura.
Os números sobre a participação mundial chinesa, seja no PIB (16,7%), na indústria de transformação (15%), ou no consumo de energia (21,5%), deixam claro que a eventualidade de uma crise na China teria desdobramentos negativos de dimensões mundiais. Seria um verdadeiro tsunami econômico e social sobre praticamente todos os países, pois a maioria deles já tem a China como maior parceiro comercial, ou o segundo maior.
Quem insiste na tese da crise na China, invocando a queda do seu PIB para 7%, deveria olhar o que está acontecendo nos demais países, antes de considerar que essa taxa de crescimento é "baixa". No caso do Brasil, por exemplo, até dói lembrar que há alguns anos, a economia nacional atingiu esse patamar e que nos bastariam apenas alguns anos com esses 7% para chegarmos à condição de quarta maior economia do mundo.
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