Brasil: massificar ou elitizar o vinho?

Acredito que o "x" da questão a ser discutida é a da massificação do consumo do vinho versus a lógica da elitização que ainda predomina no meio como maneira de obter maior rentabilidade – a sempr...

Acredito que o "x" da questão a ser discutida é a da massificação do consumo do vinho versus a lógica da elitização que ainda predomina no meio como maneira de obter maior rentabilidade – a sempre exaltada "agregação de valor". Ao incluir a China/mercado asiático no debate, automaticamente se colocam essas variáveis na discussão. Entonces, não se pode fugir delas. Afinal, está em jogo a opção, de uma parte ou de todas as empresas, pela elitização do consumo do vinho e espumantes, como estratégia para sobreviver e lucrar mais. Que se proponha então discutirem se essa é a melhor opção para a indústria nacional, considerando o tamanho do mercado consumidor brasileiro e a concorrência vizinha e de além-mar. 

O ideal é ter sempre presente que a lógica chinesa é a da massificação da oferta, via redução máxima de preços e de qualidade. Há vinhos chineses horríveis e baratos, e razoáveis e caros. E há uma grande e diversificada oferta de vinhos do mundo todo, por preços razoáveis, para os padrões ocidentais. Mais vinho de arroz, a cachaça chinesa, e muitas marcas de cervejas, inclusive de arroz, sempre por preços razoáveis, mesmo para o padrão de consumo chinês. Há necessidade ainda, para ser justo com os nossos produtores, utilizar parâmetros de qualidade e preços, com os vinhos chilenos, argentinos e da região de Bento Gonçalves. 

Em resumo, ou pessoal se dá conta que o futuro do vinho nacional depende da sua popularização, ou continuaremos perdendo feio para os bons e baratos vinhos chilenos e argentinos. Eu mesmo já tomei vinho bom em Paris a 6 euros a garrafa. Quis experimentar um de 9 euros, mas o meu amigo francês me disse algo do tipo "para que esbanjar?", não entendendo a minha lógica brasileira de querer pagar mais do que o normal, em uma situação corriqueira de consumo com baguete, queijos e frios. Aliás, diga-se de passagem que lá o mais caro são os acompanhamentos. Vinho é o "leite" nosso...

As cervejas ditas artesanais (apesar de feitas industrialmente) vão no mesmo caminho da elitização. Já vi garrafinhas por R$ 14 no supermercado. Há bares que chegam a cobrar R$25 por uma garrafa de 350 ml (vi no cardápio que há até de R$ 50).


*Milton Pomar é editor da revista em chinês “Negócios com a China” e titular do Blog Conexão Ásia, do Portal AMANHÃ.

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Domingo, 24 Novembro 2024

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