Agroindústria catarinense perde Victor Fontana

“A agroindústria catarinense, um dos maiores patrimônios do Estado, não teria sido a mesma sem a atuação de profissionais da envergadura de Victor Fontana”. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco Jos...
Agroindústria catarinense perde Victor Fontana

“A agroindústria catarinense, um dos maiores patrimônios do Estado, não teria sido a mesma sem a atuação de profissionais da envergadura de Victor Fontana”. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, sobre o legado deixado pelo empresário e homem público, que faleceu na madrugada desta terça-feira, no Hospital Moriah, em São Paulo, aos 101 anos. Químico industrial por formação, Victor Fontana, dirigiu a Sadia, indústria fundada em Concórdia por seu tio, Atílio Fontana, e exerceu cargos públicos como o de vice-governador, deputado federal por duas legislaturas e secretário de Estado da Agricultura.

“A busca do conhecimento, da pesquisa colocaram a agroindústria catarinense no patamar mais avançado do segmento no mundo”, afirmou Glauco José Côrte. “Por isso, o legado de Victor Fontana pode ser visto nos milhares de empregos gerados pelo segmento e na presença de produtos catarinenses nos supermercados de todo o mundo”, diz.

Ao programa da série Histórias da Indústria, produzida pela Fiesc, Victor Fontana revelou momentos marcantes de sua trajetória. Contou, por exemplo, que residia e estudava em Porto Alegre quando foi a Concórdia visitar sua mãe e o irmão Anselmo, que já atuava na Sadia. “Seu Atílio Fontana, meu tio, que eu não conhecia, me convidou para visitar a fábrica Sadia”, contou. O tio lhe pediu ajuda profissional, pois a empresa estava com dificuldades no mercado de suínos, já que os animais continham mais de 70% de gordura, enquanto os consumidores queriam produtos com mais carne. Victor Fontana contou que, ao aceitar o desafio, estudou o tema e enfrentou o problema em várias frentes, da orientação aos agricultores para a adoção de sistemas mais modernos de criação ao desenvolvimento de rações balanceadas. A indústria passou a ganhar mercado com a oferta de produtos com maior teor de carne. 

Em paralelo, a Sadia implantou o sistema integrado – uma forma de parceria entre a indústria e os pequenos agricultores – que deu o impulso também à produção de frangos e perus. “O que mais gostei da vida foi por em evidência a pesquisa agropecuária, porque tudo tem que começar pelo ensino”, acrescentou, ao citar uma de suas principais ações como secretário estadual da Agricultura, a criação da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Empasc), que mais tarde seria unificada com a Acaresc, dando origem à Epagri.

Na sua atuação como diretor da Sadia – empresa que junto com a Perdigão integra a BRF – Victor Fontana foi um dos fundadores e primeiro presidente da Associação Rural de Concórdia e do Sindicato da Indústria de Carne de Santa Catarina e integrou o Conselho Regional de Química. Na vida pública, foi conselheiro da República, assessor da prefeitura de São Paulo e presidente da Celesc e do BESC. Em 2008, por indicação da Fiesc, Victor Fontana foi agraciado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com a Ordem do Mérito Industrial, a maior comenda da indústria brasileira (foto). A Federação das Indústrias prestou outra homenagem a Fontana em abril de 2016, quando do lançamento do programa que destacou sua trajetória. Ao programa Histórias da Indústria, produzido em abril de 2016, Fontana ainda destacou como sua filosofia de vida uma frase de autoria do poeta espanhol Antônio Machado: caminante, no hay camino, se hace caminho al andar. “Eu lutei para chegar onde cheguei, eu fiz o caminho”, concluiu.

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Sábado, 14 Dezembro 2024

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