Os clientes querem que você os encontre onde eles estão
A abertura oficial do Simpósio do Gartner (foto), em Orlando (EUA), ocorreu com os analistas Tina Nunno, Don Scheibenreif, Mbula Schoen e Valentin Sribar. Um dos principais pontos de destaque foi que as organizações precisam encontrar seu TechQuilibrium, ou seja, o ponto de equilíbrio entre ser uma empresa tradicional e ser uma empresa digital. Organizações enfrentarão cada vez mais incertezas causadas por geopolítica, mudanças econômicas ou gigantes digitais e precisam encontrar o equilíbrio para enfrentarem “curvas” de mudança repentinas. De acordo com Valentin Sribar, as organizações podem ser tão digitais quanto o que o mercado, os clientes e a sociedade absorverão. Essas forças irão definir como a organização pode ser digital no ambiente atual. Ele destaca também que alcançar um TechQuilibirum não se resume apenas à proposta de valor externo, mas também à digitalização de processos internos, operações e local de trabalho.
Don Scheibenreif afirmou que a tecnologia deve nos aproximar, que ela criou o “Everything Customer” (cliente que é tudo) e as organizações precisam se conectar com este cliente melhor que qualquer outro, e elas têm mais vantagem quando encantam com experiências. Ele diz que o tudo que o cliente não quer se limitar ao seu site ou aplicativo móvel. Eles querem que você os encontre onde eles estão. Para preencher essa lacuna, ele incentivou os CIOs a desenvolver uma mentalidade e uma plataforma com várias experiências para impulsionar a empresa em seu caminho de crescimento. Outro importante anúncio do evento foram as tendências estruturadas em torno da ideia de “espaços inteligentes centrados nas pessoas”, o que significa considerar como essas tecnologias afetarão as pessoas (clientes, funcionários) e os lugares em que eles vivem (casa, escritório, carro). Confira, a seguir, os principais insights tecnológicos para o próximo ano.
Hiperautomação
A automação usa a tecnologia para automatizar tarefas que antes exigiam seres humanos. A hiperautomação lida com a aplicação de tecnologias avançadas, incluindo inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (ML) para automatizar cada vez mais os processos e potencializar a capacidade do ser humano. Como nenhuma ferramenta isolada pode substituir humanos, a hiperautomação hoje envolve uma combinação de ferramentas, incluindo automação de processo robótico (RPA), software de gerenciamento inteligente de negócios (iBPMS - intelligent Business Process Management Suites) e IA, com o objetivo de tomar decisões cada vez mais orientadas por inteligência artificial.
Multi experiência
A multi experiência substitui pessoas com conhecimento de tecnologia por tecnologia com conhecimento de pessoas. A ideia tradicional de um computador com um único ponto de interação evolui para incluir interfaces multissensoriais e de multitoque, como dispositivos de vestir e sensores avançados de computador. No futuro, essa tendência se tornará o que é chamado de experiência ambiental, mas atualmente a multiexperiência concentra-se em experiências imersivas que usam realidade aumentada, virtual, realidade mista, interfaces multicanal de homem-máquina e tecnologias de detecção.
Democratização
Democratização da tecnologia significa proporcionar acesso fácil a conhecimentos técnicos ou de negócios sem treinamento extensivo ou de alto valor as pessoas. De acordo com Gartner, se concentra principalmente em quatro áreas: desenvolvimento de aplicativos, dados e análises, design e conhecimento – e é frequentemente chamado de "acesso do cidadão". Por exemplo, a democratização permitiria que os desenvolvedores gerassem modelos de dados sem ter as habilidades de um cientista de dados. Em vez disso, eles confiariam no desenvolvimento orientado pela IA para gerar código e automatizar os testes.
Super humanos
A tendência destaca o uso da tecnologia para aprimorar as experiências cognitivas e físicas de uma pessoa. O aprimoramento pode ser físico, quando altera uma capacidade física ao implantar uma tecnologia dentro ou sobre o corpo. Por exemplo, a indústria automotiva ou de mineração usam wearables para melhorar a segurança do trabalhador. O aprimoramento físico se enquadra em quatro categorias principais: aumento sensorial (audição, visão e percepção), aumento das funções biológicas (exoesqueletos e próteses), aumento de cérebros (implantes para tratar convulsões) e aumento genético (terapia somática de células e genes). Já o aprimoramento cognitivo eleva a capacidade do ser humano de pensar e tomar melhores decisões, ao explorar informações e aplicativos para aprimorar o aprendizado ou novas experiências. O aumento cognitivo também inclui algumas tecnologias na categoria de aumento cerebral, pois são implantes físicos que lidam com o raciocínio cognitivo.
Transparência e rastreabilidade
A evolução da tecnologia está criando uma crise de confiança. À medida que os consumidores ficam mais conscientes de como seus dados estão sendo coletados e usados, aumentam também o reconhecimento da crescente responsabilidade das organizações de armazenar e coletar dados. A tendência, de acordo com o Gartner, requer um foco em seis elementos-chave de confiança: ética, integridade, abertura, responsabilidade, competência e consistência.
O momento da "empowered edge"
Empowered edge é um espaço em que o processamento de informações, a coleta e entrega de conteúdo são colocadas mais próximas das fontes de informações. Isso inclui tecnologia de Internet das Coisas (IoT). A tendência analisa como dispositivos estão aumentando e formando bases para espaços inteligentes e aproximando aplicativos e serviços importantes das pessoas e dos dispositivos que os utilizam.
A nuvem distribuída
Nuvem distribuída refere-se à distribuição de serviços de nuvem pública para locais fora dos datacenters físicos do provedor, mas que ainda são controlados por ele. Na nuvem distribuída, o provedor de nuvem é responsável por todos os aspectos da arquitetura, entrega, operações, governança e atualizações de serviços. A nuvem distribuída permite que os data centers sejam localizados em qualquer lugar. Isso resolve problemas técnicos, como latência, e também desafios regulatórios, como soberania de dados. Ele também oferece os benefícios de um serviço de nuvem pública juntamente com os benefícios de uma nuvem local privada.
Coisas autônomas
Coisas autônomas, que incluem drones, robôs , navios e equipamentos, exploram a inteligência artificial para realizar tarefas geralmente realizadas por seres humanos. Essa tecnologia opera em um espectro de inteligência que varia de semi-autônomo a totalmente autônomo e em uma variedade de ambientes.
Blockchain prático
Blockchain é um tipo de livro distribuído, uma lista cronologicamente expandida de registros transacionais irrevogáveis e assinados criptograficamente, compartilhados por todos os participantes de uma rede. O modelo completo de blockchain inclui cinco elementos: um livro compartilhado e distribuído, um livro imutável e rastreável, criptografia, tokenização e um mecanismo de consenso público distribuído. No entanto, o blockchain permanece imaturo para implantações corporativas. Hoje, as blockchains corporativas adotam uma abordagem prática e implementam apenas alguns dos elementos de uma blockchain completa. No futuro, um "blockchain completo" terá o potencial de transformar indústrias e, eventualmente, a economia, à medida que tecnologias complementares como AI e IoT começarem a se integrar ao blockchain. Isso expande o tipo de participantes para incluir máquinas, que poderão trocar uma variedade de ativos – de dinheiro a imóveis. Por exemplo, um carro poderia negociar preços de seguro diretamente com a companhia de seguros com base nos dados coletados por seus sensores.
Segurança da IA
Tecnologias em evolução, como hiperautomação e coisas autônomas, oferecem oportunidades transformacionais no mundo dos negócios. No entanto, eles também criam vulnerabilidades de segurança em novos pontos de ataque em potencial. As equipes de segurança devem enfrentar esses desafios e estar cientes de como a IA afetará o espaço de segurança.
*Advogado, empreendedor e especialista em Governo Digital. Evangelizador do uso intensivo de tecnologia no Poder Judiciário e tem mais de 15 anos de experiência na área de TI.
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