Refinaria Riograndense processa carga com matéria-prima 100% renovável
A Refinaria de Petróleo Riograndense (RPR) alcançou um marco histórico ao processar, pela primeira vez, 100% de óleo de soja em uma unidade de refino industrial. A tecnologia, desenvolvida no Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação (Cenpes) da Petrobras, permite adotar como carga uma matéria-prima 100% renovável, com inovações de processo e catalisador, gerando produtos petroquímicos integralmente renováveis. O processamento de matéria-prima 100% renovável em unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) é o primeiro do mundo. Com o sucesso do teste, a RPR, localizada em Rio Grande (RS), está se preparando para a produção de insumos petroquímicos e combustíveis renováveis como GLP, combustíveis marítimos, propeno e bioaromáticos (BTX – benzeno, tolueno e xileno), usados nas indústrias da borracha sintética, nylon e PVC. Foi identificado, ainda, que os teores alcançados de concentração de BTX, empregando catalisadores, são capazes de atender aos níveis exigidos para formular gasolinas de elevado desempenho, praticamente isenta de enxofre. Os catalisadores empregados no teste são da linha ReNewFCC e foram produzidos em parceria com a Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC), uma joint venture entre a Petrobras e a Ketjen, que atua na produção de catalisadores e aditivos para a indústria de refino.
Para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a transição energética é um caminho sem volta para a companhia estatal. "Estamos fazendo derivados típicos de petróleo, a partir de óleo vegetal. É inovação e transição energética combinadas em benefício do Brasil. É a Petrobras voltando a liderar grandes processos de transformação técnica, econômica e social, com repercussão global", comenta, por meio de nota. "A transição energética passa pelo desenvolvimento de novos processos e produtos com origem em fontes renováveis. Nós estamos comprometidos em atender essa demanda do mercado e da sociedade", destaca Roberto Bischoff, CEO da Braskem. "Os resultados do teste na Riograndense representam o enorme potencial da bioindústria no país. Estamos empenhados em fomentar o biorrefino e desenvolver combustíveis renováveis avançados", afirma Marcelo Araújo, diretor executivo corporativo e de participações da Ultrapar. "O primeiro passo foi dado. A tecnologia da Petrobras licenciada para a Riograndense vai nos permitir, já no próximo ano, produzir renováveis sem deixarmos de atender nosso atual mercado de produtos e combustíveis", projeta o diretor-superintendente da RPR, Felipe Jorge.
A realização do teste se tornou possível a partir de acordo de cooperação assinado, em maio, entre as empresas que têm participação acionária na RPR (Petrobras, Braskem e Ultra), como divulgou o Portal AMANHÃ. O acordo previa a utilização das unidades da refinaria para a realização do teste com tecnologias desenvolvidas pelo Cenpes. O teste industrial teve início na última semana de outubro, quando a RPR recebeu o carregamento de duas mil toneladas de óleo de soja e realizou uma parada de manutenção para preparar a unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) para receber e processar a matéria-prima. No dia 1º de novembro, iniciou, então, o processamento da carga 100% renovável, comprovando a viabilidade da operação.
Já está programada para junho de 2024 a realização de um segundo teste, que será por meio do coprocessamento de carga mineral com bio-óleo (matéria-prima avançada de biomassa não alimentar), gerando propeno, gasolina e diesel, todos com conteúdo renovável. A Petrobras está investindo em torno de R$ 45 milhões para viabilizar a conclusão do desenvolvimento de processamento de carga renovável. O investimento no teste foi realizado em atendimento às cláusulas de pesquisa, desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Com a etapa da comprovação da tecnologia concluída em escala industrial, a RPR estará capacitada a explorar as alternativas de negócio para a produção de produtos renováveis, e a Petrobras terá novas alternativas a avaliar, futuramente, em suas próprias refinarias, em adição aos projetos já em andamento relacionados ao coprocessamento para a produção de diesel renovável e unidades dedicadas para a produção de bioquerosene de aviação e diesel renovável.
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