Energias limpas e o exemplo que vem da região Sul

Firmar compromisso em prol de energias renováveis é dialogar com as mudanças necessárias para colocar discursos em prática
"No Paraná, há uma série de iniciativas voltadas ao hidrogênio verde, assunto que virou recorrente nos últimos tempos", desta Ton Holanda, CEO da BCP Energy neste artigo

Da região Sul do Brasil, rajadas de esperança para um país mais verde e sustentável. É o que apontam os números do Sindicato da Energia (SindiEnergia): mais de 82% das fontes de abastecimento energético do Rio Grande do Sul são renováveis, embora 30% do consumo gaúcho ainda seja exportado. Otimistas e céleres projeções indicam que, até 2027, o jogo pode virar, dando ao estado o selo de exportador da matéria solar, eólica e hídrica. A expansão da cadeia produtiva é também um interesse do governo, segundo dados recentes da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O Piratini já tem mapeado mais de 100 gigawatts de energia eólica e solar, em locais de infraestrutura e logística apropriados, como é o caso do Porto de Rio Grande. Cadastrados junto ao Ibama, são 22 projetos eólicos – com potencial de 14 mil megawatts.

A mudança comportamental do estado gaúcho, que tem migrado da sua matriz energética do carvão mineral para alternativas menos poluentes e que são potencializadas a partir da sua produção do agro – como é o caso da casca de arroz e do setor florestal – mostra para o Brasil e para o mundo um ativo competitivo colossal: a capacidade de se reinventar, potencializar o que o planeta dá e enxergar o futuro de frente. Em Santa Catarina, a capacidade de geração distribuída de energia (GD) – conectada diretamente à rede de distribuição, válida para múltiplas fontes de energia renovável – é significativa. No ranking dos estados com maior potencial, fica na sexta colocação, e entre as cidades catarinenses com maior capacidade de mercado para investimento, encontram-se a capital Florianópolis, Blumenau e Jaraguá do Sul e Joinville.

No Paraná, há uma série de iniciativas voltadas ao hidrogênio verde, assunto que virou recorrente nos últimos tempos, sendo amplamente discutido e detalhado por especialistas da área e veículos de comunicação. Como exemplo, temos a parceria público-privada da Engie Brasil, uma empresa privada de Santa Catarina, com a Invest Paraná, vinculada ao governo paranaense, cujo objetivo é o desenvolvimento de projetos de produção de hidrogênio renovável no estado. Quando o assunto é especificamente energia eólica, a região Sul também se destaca, sendo a segunda do país que mais acumula capacidade de instalação, atrás apenas do Nordeste, segundo dados de 2022 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Em março deste ano, o Ministério de Minas e Energia celebrou a maior produção de energia limpa do país nos últimos 12 anos. Firmar compromisso em prol de energias mais limpas e renováveis é dialogar com as mudanças necessárias para colocar discursos sustentáveis em prática. A partir do momento em que sociedade, os poderes e a iniciativa privada estiverem alinhados quanto a isso, há motivos de sobra para acreditar que as rajadas que estão por vir serão de esperança.

*CEO da BCP Energy

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Quinta, 28 Março 2024

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