Importações asiáticas preocupam setor calçadista

Vietnã, Indonésia e China representam mais de 80% do total importado
O setor calçadista nacional perdeu quase 2 mil postos de trabalho entre janeiro e outubro

O aumento vertiginoso das importações de calçados da Ásia, em especial do Vietnã, Indonésia e China, estão preocupando a indústria calçadista nacional. Conforme dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), em novembro, as importações de calçados dos três países asiáticos tiveram incremento de 38% em receita e de 10% em volume, alcançando US$ 29,4 milhões e 1,4 milhão de pares. Já no acumulado anual, as importações de calçados asiáticos cresceram 26,6% em receita e 11,5% em volume, somando US$ 327 milhões e 22 milhões de pares. O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que somente as importações provenientes de Vietnã, Indonésia e China, as três principais origens do calçado importado pelo Brasil, representam mais de 80% do total importado, em receita.

"Não somos contrários às importações. Somos contrários à concorrência desleal. Os calçados asiáticos, via de regra, entram no Brasil por meio de práticas ilegais como dumping [quando a empresa pratica um preço diferente no mercado internacional visando destruir indústrias locais] estão prejudicando a indústria brasileira. Além disso, soma-se o fato da isenção das plataformas internacionais de e-commerce (cross border), que desde agosto não pagam nenhum imposto para remessas de mercadorias de até US$ 50. Essas, nem ao menos estão computadas nos índices", avalia o executivo, ressaltando que as importações de calçados asiáticos, se somadas com os dados via plataformas aumentariam ainda mais um registro que "já é assustador".

O fato, segundo Ferreira, é que se nada for feito, especialmente no que diz respeito à isenção das plataformas estrangeiras, que teria o efeito mais imediato na atividade industrial, muitos empregos serão ceifados no Brasil. "A indústria calçadista brasileira emprega, aproximadamente, 300 mil pessoas de forma direta. Se somarmos a cadeia produtiva como um todo, de forma direta e indireta, esse número ultrapassa 1 milhão de postos de trabalho. O impacto da concorrência desleal das importações já vem sendo sentido pela indústria nacional e vai causar uma onda de desemprego no país", acrescenta. Dados elaborados pela Abicalçados revelam que, entre janeiro e outubro, o setor calçadista nacional perdeu quase 2 mil postos de trabalho, estando hoje com estoque de empregos 6,6% menor do que o registrado no ano passado.

Já a produção de calçados, também até outubro, caiu 1,6% no comparativo com o mesmo período de 2022. "A tendência é piorar, caso não seja solucionada a questão da importação predatória, seja ela por vias convencionais ou via plataformas cross border", alerta o dirigente. Recentemente, a Abicalçados divulgou um levantamento que aponta que o setor deve perder 30 mil empregos nos próximos anos, caso a isenção do e-commerce internacional seja mantida.

Veja mais notícias sobre BrasilEconomiaIndústriaSul for Export.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Domingo, 28 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br/