Criação de centros de estudos aproximam Brasil e China
São Paulo subiu degraus importantes na relação Brasil-China, com a inauguração, na sexta-feira (21), na Universidade de São Paulo (USP), do Centro USP-China, instituição que se soma, na própria USP, ao Centro de Pesquisa China-Brasil para Inovação e Competitividade, criado em janeiro de 2022 – parceria do Centro de Inovação Inova USP, Instituto de Pesquisa Belt and Road para Cooperação Internacional e Desenvolvimento e Universidade de Shenzhen –, e ao curso de letras, habilitação em chinês (língua e literatura chinesa), iniciado em 1968.
Agora, as três universidades públicas paulistas possuem centros de estudos a respeito da China, em parceria com instituições de ensino e pesquisas chinesas: a Universidade Estadual de Campinas tem o Centro CASS-Unicamp de Estudos da China, com a Academia Chinesa de Ciências Sociais, criado em maio de 2019 (sucedeu o precursor Grupo de Estudos Brasil-China da Unicamp, de 2011), e a Universidade Estadual Paulista, a primeira a oferecer o ensino de mandarim no Brasil, com o Instituto Confúcio, instalado em 2008.
Essas iniciativas somam-se à fundação, no final de novembro de 2024, do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia e Mecanização para Agricultura Familiar, da Universidade de Brasília (UnB), resultado de parceria com o governo federal, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o governo da China; do Instituto Brasil-China de Inovação, Ciência e Tecnologia, integrado pela UFRJ, Petrobras, China National Offshore Oil Corporation (Cnooc) e Universidade do Petróleo da China e do Instituto China-Brasil de Engenheiros de Destaque – para realizar ensino e pesquisa na área de engenharia na UFRJ/Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe).
Tanta movimentação acadêmica do lado brasileiro ocorre na sequência do que já existe na China, desde 2004, quando foi inaugurado na Universidade de Beijing o Centro de Cultura Brasileira. Dia 18 de dezembro de 2024 foi a vez do Centro de Estudos Brasileiros, instalado na Universidade de Zhejiang, sob a direção do professor José Medeiros, natural do Rio Grande do Norte. Em Beijing há também o Centro de Estudos Brasileiros, do Instituto de Estudos Latino-Americanos (ILAS), da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS), dirigido pelo professor Zhou Zhiwei (foto).
O interesse crescente pelo Brasil na China explica o fato de haver atualmente mais de cinco mil estudantes da língua portuguesa em cerca de 40 universidades chinesas. Certamente contribuiu para esse verdadeiro "boom" linguístico o crescimento do comércio entre os dois países, que alcançou no ano passado um terço dos US$ 518 bilhões da América Latina com a China (em 2001, o comércio bilateral entre o continente e o Império do Meio foi de modestos US$ 15 bilhões). Estatais e empresas privadas chinesas teriam investido US$ 43 bilhões no Brasil até 2023, de acordo com a publicação "Perfil de Comércio e Investimentos China 2025".
Somente conhecendo mais a China é que estudantes, professores, empresas e governos do Brasil poderão aproveitar melhor as potencialidades das relações entre os dois países. Para isso, é necessário muito mais que intercâmbios acadêmicos – integrantes da mídia, formadores de opinião das redes sociais e dirigentes empresariais brasileiros precisam conhecer como a China conseguiu reduzir a pobreza, como funciona o seu sistema financeiro, a lógica de investimento em meios de transporte de massa e em telecomunicações, e o papel central do Estado em tudo isso – definindo estratégias, planejando, investindo em infraestrutura e monitorando a execução dos planos quinquenais, o desempenho das estatais e a evolução do mercado.
Veja mais notícias sobre Sul for ExportMundoBrasil.
Comentários: