Imóveis novos ficam 10,5% mais caros em Curitiba com pressão de insumos
A casa própria pode ficar entre 5% e 10% mais cara neste ano em relação a 2020, segundo estimativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). De acordo com o levantamento do Índice FipeZap, a alta nominal em 12 meses chegou a 3,99% em 50 cidades pesquisadas, abaixo da inflação projetada para o período (6,12%). Curitiba está entre as capitais com os maiores avanços observados nesse período, com alta de 10,59%, o que se reflete no cenário da região metropolitana. Para fugir desse aumento, as construtoras estão investindo na oferta de imóveis na planta.
Apenas em março os preços de venda de imóveis residenciais subiram 0,18%, conforme o Índice FipeZap. Esse cenário se deve ao aumento na taxa básica de juros (Selic), à procura por imóveis e ao custo dos materiais de construção. Um levantamento comparativo feito pela Valor Real Empreendimentos, que atua há 11 anos na Grande Curitiba, revela uma variação de 67% nos preços de 58 itens entre março de 2020 e março de 2021. "As maiores variações de preço foram registradas nos materiais de aço, cobre e PVC. Materiais hidráulicos sofreram aumento de até 150%, por exemplo. Mas percebemos uma alta em praticamente todos os itens: materiais hidráulicos, elétricos, de aço, madeira, cerâmica, esquadrias, tintas, coberturas, equipamentos e agregados", afirma Antonio Lage, CEO da Valor Real.
Segundo Lage, o impacto não chegou aos residenciais já vendidos que estão em obras. "Como nós vendemos os imóveis na planta, toda parte que é objeto de financiamento bancário é pré-fixada no momento da contratação e não sofre alterações. Temos que absorver. Mas os lançamentos serão impactados, estimamos um acréscimo de pelo menos 10% no preço final dos imóveis caso continue essa escalada no aumento de preço dos insumos. A hora de comprar o imóvel na planta é agora, para fugir da alta que começará a ser repassada em função da variação do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC)".
Apesar da inflação do setor, a agenda de lançamentos da construtora – ranqueada entre as 100 maiores do Brasil pela Intec 2021 – segue sem alterações para este ano. Em março, a Valor Real lançou o Porto Fino Residencial, em São José dos Pinhais, sua cidade sede e pretende lançar mais cinco empreendimentos ainda em 2021. Para este mês está previsto o lançamento do primeiro empreendimento da construtora em Campo Largo, também na região metropolitana: o Lagoa Park Residence, próximo ao Hospital do Rocio. Além disso, a construtora investiu no lançamento de dois apartamentos decorados em sua sede, que já foram abertos para visitação dos clientes seguindo agendamento prévio, para evitar aglomerações.
Escassez
Além da alta nos preços dos insumos, a escassez de alguns itens, essenciais para a continuidade das obras, também vem interferindo diretamente no setor, observa a engenheira civil Aline Nadolny, gerente de suprimentos da Prestes Construtora. Ela conta que desde novembro do ano passado o aço, um dos principais insumos, tem tido sua produção comprometida, causando reflexos no cronograma das obras. Além disso, os preços subiram 60% nos últimos seis meses. "Temos percebido, de forma geral através de informações da indústria, de associações e entidades reguladoras do segmento, que não existe uma expectativa de mudança no cenário, pelo menos no curto prazo."
O empresário e presidente da Associação Paranaense de Construtoras, Gabriel Stallbaum, destaca o impacto no preço dos imóveis, aliado à redução do número de lançamentos, provocada pela instabilidade e falta de previsibilidade. "Infelizmente tem sido necessário o repasse parcial ao consumidor. Na maioria dos casos não é possível repassar o aumento total, para não inviabilizar a venda do imóvel", destaca. Ele complementa que as altas nos preços, que se iniciaram no segundo trimestre de 2020 e continua neste ano, não era esperada pelo setor. "Estamos apreensivos por conta da insegurança no mercado e por não se saber quando os preços irão se estabilizar", desabafa.
A Prestes Construtora e Incorporadora, empresa que é a maior no segmento econômico no Paraná, já sinaliza aumento nos seus produtos. O diretor de Inteligência Imobiliária da empresa, Eduardo Consorte, destaca que será difícil manter o valor dos imóveis no patamar atual. "Ainda não reajustamos nossos preços de venda, mas diante da expressividade da alta, em breve o reajuste será inevitável em nosso estoque e nos novos lançamentos", completa.
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