Crise? Dois empresários do Sul falam de oportunidade

Mesmo travado pela lentidão econômica do país e impactado pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, ainda há fôlego para projetos de todos os portes e dos mais variados setores a serem instalados no Rio Grande do Sul. É o que apontaram Antô...
Crise? Dois empresários do Sul falam de oportunidade

Mesmo travado pela lentidão econômica do país e impactado pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, ainda há fôlego para projetos de todos os portes e dos mais variados setores a serem instalados no Rio Grande do Sul. É o que apontaram Antônio Luiz Bianchini (na foto, o terceiro da esquerda para a direita), diretor-executivo da Bianchini; Dirceu Bayer (o primeiro da esquerda para a direita), presidente da Cooperativa Languiru; e José Sozo (na foto, ao centro), presidente da Associação Gaúcha de Produtores de Maçã (Agapomi). Os painelistas apresentaram suas visões a respeito do assunto durante o Tá na Mesa, evento promovido pela da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). A reunião-almoço aconteceu nesta quarta-feira (9), no Salão Nobre do Palácio do Comércio, sede da instituição. 

Negócios com a China
A guerra comercial entre chineses e norte-americanos animou as expectativas da trading Bianchini no ano passado, mas não tem sido suficiente para manter os números em 2019. No terminal portuário da companhia, cerca de 600 mil toneladas por mês, entre soja, farelo de soja e cavacos de madeira, são transportados. A estimativa de crescimento de 10% nas operações florestais é um alento para quem viu o volume de soja e farelo diminuir neste ano. “O Brasil todo, de janeiro a abril, teve embarques para a China praticamente insignificantes. Isso porque os americanos, numa tentativa de voltar a vender, começaram a ofertar a soja a US$ 80 mais barato que a brasileira [a tonelada]. Só que o efeito demorou a incidir no Brasil, que inicialmente tinha tido vantagem nessa guerra comercial”, explica Antônio Luiz Bianchini, diretor-executivo da Bianchini, referindo-se ao aumento de exportações de soja brasileira ocorrido em 2018. No ano passado, o faturamento anual da companhia foi de R$ 4,6 bilhões. 

A empresa que completará 60 anos em fevereiro de 2020, planeja, até o fim deste ano, a ampliação da usina de biediesel em Canoas (RS). A obra faz parte do investimento em bens de capital estimado para os próximos cinco anos num montante de R$ 250 milhões. A Bianchini prevê fechar o ano com uma produção de 330 milhões de litros de biodiesel. No curto prazo, a companhia pretende aumentar sua capacidade de armazenagem total de 1,860 milhão de toneladas para 2 milhões de toneladas. 

Já na divisão de negócios que cuida da operação do terminal portuário, um antigo pleito volta à tona. A obra de dragagem no porto do Rio Grande, que começou em outubro de 2018, tem a expectativa de retirar 16 milhões de metros cúbicos de sedimentos depositados ao longo dos 30 quilômetros do canal de acesso ao porto. A pressa para finalização é justificada pela importância do terminal, por onde passam 96% das exportações e importações do Estado. “Em 2017, tivemos o dissabor de uma maré muito vazante, que deixou o terminal parado, impossibilitando a navegação. Com a dragagem, o frete internacional vai diminuir e poderemos repassar isso”, afirmou Bianchini. A última dragagem do porto havia ocorrido em 2013. 

Agregar valor
Diversificação é a palavra-chave das estratégias da Cooperativa Languiru, de Teutônia (RS). Mesmo sendo uma das menores cooperativas do estado em termos fundiários, a Languiru compõe o ranking das maiores produtoras de alimentos gaúchas, atuando nos segmentos de aves, suínos, embutidos, laticínios, rações, varejo e postos de combustíveis. A estimativa é de faturar R$ 1,5 bilhão nesse ano, além de ter um crescimento de 11% em volume. 

A incidência da peste suína africana na China, uma doença altamente contagiosa causada por um vírus, também representa uma janela de oportunidade para a cooperativa. Ainda que exporte somente 10% da produção, a Languiru vê a concorrência focando em atender a essas demandas do mercado chinês e, assim, abrindo mais margem para a venda dos produtos da grife de Teutônia nas gôndolas nacionais. “Tivemos uma reação muito grande no preço dos suínos neste ano. É um grande momento para o Brasil. Nossas cooperativas precisam agregar valor à matéria-prima, deixando de gerar renda lá fora – quando exportamos commodities – e dando empregos, gerando impostos, aqui dentro do país”, afirma Dirceu Bayer, presidente da Languiru.

Mas Bayer não tem olhos só para o Brasil. A Languiru - que exporta somente 10% da produção –quer entrar no clube dos grandes exportadores. A cooperativa vai dobrar, até março de 2020, o abate de aves na planta de Westfália (RS). O investimento previsto na ampliação é de R$ 60 milhões, suficiente para dobrar a capacidade atual, que é de 110 mil abates/dia para 220 mil abates/dia, e gerar mais 200 empregos. Nesse ritmo, evoluem as negociações para a entrada da Languiru no mercado asiático. “Estamos tentando entrar lá há três anos, e refizemos o processo nessa perspectiva. O mercado chinês é muito lucrativo. Remunera melhor que os outros mercados”, detalha. Entre os exemplos citados pelo presidente da cooperativa, está o consumo de cortes de frango pouco apreciados pelos brasileiros. Na China, o pé de galinha chega a ser vendido com um preço equivalente ao do peito de frango aqui no Brasil, considerado um corte nobre da ave.

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Segunda, 20 Mai 2024

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