Nervosismo global faz B3 cair e dólar chegar a R$ 4
Não durou mais que 24 horas o otimismo do mercado após os Estados Unidos adiarem a imposição de tarifas sobre alguns produtos chineses. A razão do pessimismo, agora, é a contração da economia alemã e dados fracos industriais da China, fatos que elevaram os temores de uma desaceleração global. No fim desta quarta-feira (14), o dólar encerrou em alta de 1,7%, aos R$ 4,0386.
Esta é a primeira vez que a moeda norte-americana encerra acima de R$ 4 desde 28 de maio e também o maior valor de fechamento desde 29 de maio, quando acabou o dia valendo R$ 3,9754. Na máxima desta quarta, a divisa chegou a tocar os R$ 4,0433. Na terça (13), o dólar fechou em queda de 0,3%, a R$ 3,9686, refletindo a trégua na disputa entre EUA e China. O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento para outubro, porém a estratégia não se mostrou suficiente para conter a disparada da moeda norte-americana.
No final do dia, o BC anunciou que pela primeira vez desde a crise de 2009, venderá dólares à vista das reservas internacionais, atualmente em US$ 388 bilhões. A autoridade monetária leiloará US$ 550 milhões por dia entre 21 e 29 de agosto para conter a volatilidade cambial, totalizando US$ 3,845 bilhões no período. A última vez em que o BC tinha leiloado dólares das reservas à vista tinha sido em 3 de fevereiro de 2009, ainda durante a crise do subprime no mercado imobiliário dos Estados Unidos. Com a decisão anunciada na noite desta quarta-feira (14), o BC muda a política de intervenções no câmbio. Até agora, em momentos de alta da moeda norte-americana, a autoridade monetária leiloava contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Feitas em reais, essas operações não afetam as reservas internacionais, mas têm impacto na posição cambial do BC e aumentam os juros da dívida pública. Agora, o BC atuará de maneira diferente. Venderá até US$ 550 milhões no mercado à vista e, ao mesmo tempo, comprará o mesmo valor em contratos de swap cambial reverso, que funcionam como compra de dólares no mercado futuro. Caso a demanda por dólares à vista fique abaixo desse valor, a autoridade monetária completará a operação com contratos de swap tradicional.
O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 (foto), recuou 2,9%. Papéis da Kroton (-11,5%), Embraer (-5,8%), Eletrobras ON (-5,6%), Cosan (-5,4%) e da catarinense Weg (-4,9%) puxaram o índice para baixo. Nos Estados Unidos, de acordo com dados preliminares, o Dow Jones caiu 3%, o S&P 500 cedeu 2,9% e o Nasdaq Composto retraiu 3%. Na Europa, os índices recuaram para a mínima em seis meses. Em Londres, o índice Financial Times recuou 1,4%. Em Frankfurt, o Índice DAX caiu 2,1%.
Dados divulgados pela China revelam que a economia piorou do que o aguardado por analistas em julho. A produção industrial atingiu seu pior índice em 17 anos – tudo por causa da batalha comercial travada com os Estados Unidos. A Alemanha anunciou uma queda nas exportações, cenário que levou a uma contração do PIB no segundo trimestre, o que pode levar o país para uma recessão. Na Argentina, o peso soma mais um dia de desvalorização, mesmo depois de o presidente Mauricio Macri anunciar um pacote de medidas, como a elevação do salário mínimo. Para alguns analistas, esse movimento poderá dar algum fôlego eleitoral para Macri. No país vizinho, o índice Merval fechou o dia em queda de 1,8%.
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