Puxado pelas exportações, setor calçadista deve crescer em 2022
Em recuperação, o setor calçadista brasileiro deve crescer entre 1,8% e 2,7% em 2022, encerrando o ano com uma produção entre 820 milhões e 828 milhões de pares. Os resultados serão puxados pelas exportações, que devem encerrar 2022 com crescimento de 8,4% a 10,2% em relação a 2021. As projeções foram anunciadas no Análise de Cenários, evento digital realizado na quarta-feira (13) pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) que contou com as participações da coordenadora de inteligência de mercado da entidade, Priscila Linck, e do doutor em economia Marcos Lélis.
Após um crescimento de 9,8% na produção ao longo de 2021, ante 2020, o setor calçadista seguirá em ritmo de recuperação ao longo deste ano, mas deve seguir abaixo dos níveis pré-pandemia, em 2019. "No ano passado, encerramos com uma produção cerca de 10% menor do que em 2019. Para 2022, mesmo crescendo na base otimista ante 2021 (+2,7%), seguiremos cerca de 8% abaixo dos níveis pré-pandemia", comentou Lélis. "O mercado interno, que representa 85% das vendas do setor, segue com uma dinâmica inferior ao crescimento das exportações, reflexo do nível de emprego e crescente inflação, que reduz a renda disponível para consumo", acrescentou.
As projeções setoriais da Abicalçados são realizadas por meio de análises das perspectivas de crescimento dos PIBs do Brasil e dos Estados Unidos – principal destino das exportações de calçados –, e o comportamento do câmbio. Lélis destacou que o PIB brasileiro, que cresceu 4,6% no ano passado, vem em desaceleração desde o início do ano. "O Brasil parece ter um limitador de crescimento, baseado especialmente no baixo investimento público, no aumento da desigualdade e com o componente da inflação, hoje em dois dígitos", ressaltou o economista, destacando que, para 2022, a previsão é de um crescimento no PIB de apenas 0,5%. "O baixo crescimento interno deve impactar o setor calçadista brasileiro ao longo do ano", projeta.
A Abicalçados divulgou, ainda, uma pesquisa realizada com empresas do setor calçadista, que apontaram as principais dificuldades enfrentadas ao longo do ano passado e os impactos esperados para 2022. A principal dificuldade apontada em 2021, e que repete a posição para este ano, é a elevação dos custos com insumos. Na segunda colocação está a falta de insumos e matérias-primas. No terceiro posto está a dificuldade de contratação de trabalhadores.
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