Curso técnico atende mercado melhor do que o superior, avalia empresário

Pesquisa revela que formação alinhada às necessidades do setor produtivo está entre as principais vantagens
O Senai-SC investiu nos últimos quatro anos R$ 254 milhões em material didático e obras de infraestrutura voltadas à educação

Um em cada três empresários acredita que o ensino técnico é o ponto mais forte da educação brasileira. Para 75% deles, os cursos técnicos são mais ligados às necessidades do mercado do que os de ensino superior. O levantamento, realizado pelo Sesi e pelo Senai, revela ainda que 9 em cada 10 concordam que os cursos técnicos permitem ingresso mais rápido no mercado de trabalho. De acordo com os 1.001 executivos de pequenas, médias e grandes indústrias ouvidos sobre a educação no país, o ensino técnico deve receber mais atenção dos jovens e ser uma das prioridades do governo. O questionário, aplicado em abril, teve um bloco dedicado ao ensino técnico e à qualificação de mão de obra.

"O Brasil e os empresários brasileiros têm um grande desafio, que é a baixa produtividade, que ganha camadas de complexidade se somarmos alguns fatores que caracterizam o nosso mercado de trabalho: a transição demográfica, com menos jovens compondo a força de trabalho, as altas taxas de desemprego desse grupo, o baixo nível de qualificação profissional e a digitalização, que demanda novos conhecimentos", nota o diretor do Sesi e do Senai Rafael Lucchesi. Segundo ele, é nesse contexto que o ensino técnico ganha relevância. "Além de melhorar a empregabilidade do jovem, tirando-o do quadro de exclusão social e proporcionando uma fonte de renda, a educação profissional contribui para melhorar a produtividade do país, ao qualificar o trabalhador", complementa.

Em Santa Catarina, por exemplo, o Senai investiu nos últimos quatro anos R$ 254 milhões em material didático, equipamentos de TI, máquinas e obras de infraestrutura voltadas à educação. "São recursos que integram um expressivo pacote de investimentos para a expansão da oferta dos serviços educacionais no estado para qualificar o capital humano demandado pela indústria", afirma o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar. "O setor tem pela frente grandes desafios, como qualificar 802,9 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 152,9 mil em formação inicial", acrescenta o diretor de educação, saúde e tecnologia da Fiesc, Fabrizio Machado Pereira.

Entre as etapas de formação, o ensino técnico, também conhecido como profissionalizante, aparece com a melhor avaliação (55% acham ótimo ou bom e 9% ruim ou péssimo), seguido pela especialização/pós-graduação (54% ótimo ou bom e 9% ruim ou péssimo). Por outro lado, o ensino médio (14% bom e 39% ruim ou péssimo) e a alfabetização (21% ótimo ou bom e 38% ruim ou péssimo) ficam na lanterna. Vale lembrar que pesquisa semelhante foi realizada com a população, em dezembro do ano passado, e os empregadores são mais críticos que a sociedade: 45% dos empresários avaliam a educação no país como ruim (26%) ou péssima (19%) e só 9% como boa. Entre a população, os índices eram: 23% de ruim (9%) ou péssima (14%), 22% como boa e 8% ótima.

Outra prova de que a educação profissional alcançou o reconhecimento de lideranças é que um terço dos entrevistados o colocam como o ponto mais forte na educação pública no Brasil. Em seguida aparecem ensino superior, como escolha de 23%, e ensino fundamental, com 12%. Na lista de pontos fracos da rede pública, lideram o ensino fundamental (citado por 36% como o nível mais fraco), o ensino médio (29%) e a alfabetização (19%). Na visão dos empresários, os pontos positivos da formação técnica são: preparar melhor para o mercado de trabalho (45%), cursos mais focados (28%), cursos mais práticos (22%), boa aceitação no mercado de trabalho (18%), ter mais conhecimento/habilidades (17) e começo na carreira profissional (16%). Nove em cada dez entrevistados concordam que os cursos técnicos permitem ingresso mais rápido no mercado de trabalho e que é mais fácil conseguir um emprego com formação profissional. Para 85%, os cursos técnicos permitem concorrer a uma oferta maior de vagas de emprego. Na comparação com o ensino superior, para 63% o curso técnico dá grande vantagem para se conseguir o primeiro emprego; e, para 75%, são cursos mais ligados às necessidades do mercado.

O que é educação profissional e quem oferta?
A Educação Profissional e Tecnológica (EPT), também conhecida como ensino profissionalizante, é uma modalidade da educação nacional cujo objetivo é preparar o aluno para o exercício de uma profissão. Se enquadram na modalidade cursos técnicos; de qualificação; graduação tecnológica, ou tecnólogo; mestrado e doutorado profissionalizante. O tipo de curso mais conhecido e difundido é o técnico, que tem duração média de um ano e meio a dois anos e pode ser cursado por quem está no ensino médio ou já concluiu. Entre as principais instituições que ofertam educação profissional no país estão os Serviços Nacionais de Aprendizagem por setor (Senai atende indústria; Senac, o comércio; Senar, a agricultura e pecuária; Senat, transporte); os institutos federais de educação, ciência e tecnologia e as escolas técnicas vinculadas às universidades, pela rede pública federal; além de instituições públicas estaduais (como o Centro Paula Souza, em São Paulo) e as escolas privadas.

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Quarta, 01 Mai 2024

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